A União Europeia não confia em Lula, apesar de bajulá-lo. As recentes declarações do presidente brasileiro também fizeram água nas tentativas do Planalto de alçá-lo à condição de líder mundial capaz de obter, por exemplo, um Prêmio Nobel da Paz, sua grande e verdadeira ambição internacional.
Em Portugal, Lula sentiu o peso de sua verborragia. Teve suas declarações contestadas fortemente e viu-se obrigado a recuar. Depois de afirmar e reiterar que a Ucrânia tinha tanta culpa pela guerra quanto a Rússia, Lula chegou a dizer que não entendia uma pergunta formulada em português.
Ao flertar com a Pequim e Moscou, Lula terá de lidar com uma Casa Branca hostil e uma União Europeia com os dois pés atrás. Um dos primeiros impactos dessa ambiguidade presidencial, deverá ser para o Tratado de Livre Comércio MERCOSUL – UE, concluído em 2019 (sim, concluído, digam o que quiserem!) e travado desde então por várias razões, nenhuma delas muito nobre.
O presidente brasileiro já havia sido ridicularizado quando, ao deixar o Salão Oval da Casa Branca, teve sua ideia de paz, que responsabilizava tanto Ucrânia como Rússia, mais os EUA, a OTAN, o Tom e o Jerry, dispensada sem cerimônias pelo Pentágono.
Na China, chutou o pau da barraca ao deixar claro que ninguém irá pautar as relações do Brasil com o seu principal parceiro comercial. Além disso, Lula afirmou que o seu interesse pela China não é meramente comercial, mas também geopolítico. Fez o discurso que agradou a Pequim.
Agora, em Portugal, afirmou que não afirmou o que afirmou, sobre a guerra, e que trabalha por um G-20 da Paz, algo que nenhum dos principais envolvidos no conflito querem. Para os EUA e a UE, só haverá paz se a Rússia devolver a Crimeia e deixar o território ucraniano. Lula acha que é pedir demais.
Para os que estão acostumados a lamber as suas botas, Lula apenas repete a Índia, um país emergente, enorme e populoso e que bate de frente com os EUA, sem maiores problemas. Bom, em que pese o Brasil integrar o BRICS junto com a Índia, não somos a Índia. Não temos bomba nuclear e os políticos indianos não costumam puxar o saco de ninguém.
Quanto mais o presidente brasileiro tentar agradar, mais desconfiança irá gerar. Mas quem ousa dizer isso ao suprassumo da inteligência? Quer ser respeitado, assuma uma posição, de preferência, que coloque os interesses nacionais acima de caprichos pessoais.