Em seu primeiro pronunciamento à Nação após a confirmação de sua vitória nas eleições de outubro, Jair Bolsonaro fez menção à Política Externa, o que gerou muitas expectativas em torno do futuro chanceler e das Relações Internacionais do Brasil.
As declarações acerca da transferência da Embaixada brasileira em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém deram o tom do que estaria por vir. O próprio presidente eleito e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), confirmariam antes mesmo da indicação do ministro das Relações Exteriores, que os rumos da política externa seriam outros a partir de 1º de janeiro.
O anúncio do nome do diplomata Ernesto Araújo para o comando do Itamaraty, no entanto, não ajudou, ainda, a dissipar as dúvidas e incertezas. Diplomatas estrangeiros esperavam que ele passasse a ser o porta voz dos temas internacionais, o que não aconteceu.
Há grande preocupação com a possibilidade de o Brasil ter um ministro de direito e outro, de fato. Um chanceler paralelo turvaria ainda mais o ambiente. As memórias recentes do papel exercido por Marco Aurélio Garcia à serviço da política externa do PT, ainda são muito recentes.
Mais diálogo público e transparência ajudariam a desconstruir essa visão. Além disso, permitiria às embaixadas estrangeiras, informar melhor suas capitais, contribuindo para a verdadeira imagem do governo e do Brasil, hoje vítimas de um projeto de desinformação radical.
Marcelo Rech – 10/12/2018