Desde o final de 2019, governos de 55 países, mais a União Europeia, pressionavam os deputados venezuelanos para que reelegessem Juan Guaidó como presidente da Assembleia Nacional, condição fundamental para que mantivessem o reconhecimento internacional ao autoproclamado presidente encarregado da Venezuela.
No entanto, Nicolás Maduro, em mais um exercício explícito de autoritarismo, manobrou para que um aliado seu, Luis Parra, fosse eleito presidente do parlamento no lugar de Guaidó.
Esse movimento, se exitoso, colocaria a comunidade em maus lençóis, pois o chefe do Legislativo, segundo a Constituição venezuelana, seria o presidente da República, observadas algumas condições. Parra não faria isso, claro! Maduro passaria a controlar o parlamento de uma vez por todas.
Mas, faltou combinar com todo mundo. Para viabilizar sua estratégia, Maduro exacerbou ao impedir o acesso da oposição à Assembleia Nacional e promover uma eleição fajuta. O erro foi tão grotesco que países que o apoiam como Argentina, México e Uruguai, todos governados pela esquerda, condenaram os atos.
Até mesmo o Grupo Internacional de Contato, integrado por França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suécia e Reino Unido, países membros da UE, e três países de América Latina (Equador, Costa Rica e Uruguai), também condenou as manobras de Maduro.
A esperteza cobrará o seu preço e Maduro conseguiu a façanha de isolar ainda mais a Venezuela. Ato seguido, a Organização das Nações Unidas (ONU) informou que Caracas perdeu direito de voto na Assembleia Geral por conta da dívida milionária acumulada nos últimos anos.
Marcelo Rech – 13/01/2020