A América Latina vai girando, novamente, à esquerda. E os mesmos de sempre chegam ao poder sob nova maquiagem. Enquanto isso, os EUA assistem a tudo inertes e incapazes de oferecer à sua vizinhança, mais que ingerência indevida
No domingo, 19 de junho, a Colômbia elegeu, pela primeira vez, um presidente de esquerda, o senador Gustavo Petro que havia perdido as eleições de 2018 para o atual presidente Iván Duque. Petro tem sido apresentado como “um ícone da nova esquerda latino-americana”, mas não existe nova esquerda na região.
Gustavo Petro não foi um mero ativista político. Foi membro pleno do M-19, um grupo terrorista que sequestrou, extorsionou e assassinou na Colômbia dos anos 80. Conhecido como “El Cacas”, Petro gostava de defecar sobre os sequestrados que eram mantidos em buracos e submetidos a tratamentos desumanos.
A esquerda que voltou ao poder na Argentina, na Bolívia, e ganhou no Chile e na Colômbia, é a mesma que governa em Cuba, na Nicarágua e na Venezuela. E busca voltar ao poder no Brasil. Aliás, nesta nova guinada à esquerda, o Brasil é a joia da Coroa para o Foro de São Paulo/Grupo de Puebla.
E o fato de existir uma “entidade” como o Foro de São Paulo/Grupo de Puebla, é que permite à mesma esquerda que dominou a região no início dos anos 2000, retomar o poder como se nunca tivesse governado. Enquanto a esquerda trabalha de forma disciplinada e coordenada, as demais forças políticas não conversam.
O que existe, de fato, é uma maquiagem muito bem feita, para tentar conter danos. Os regimes cubano e venezuelano, por exemplo, só se pronunciaram sobre as eleições colombianas, quando proclamado o resultado. Foram devidamente escondidos e assim se mantiveram para evitar desgastes. Eles sabem o que representam.
Além disso, essa esquerda é a mesma que pacta com o narcotráfico, o crime organizado e institucionaliza a corrupção, mas que quando disputa uma eleição, consegue justificar o injustificável. Consegue, entre outras coisas, fazer de conta que nunca governou.
A eleição de Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro que mantém vínculos sombrios com o submundo do crime, também representa uma derrota acachapante para os EUA. Washington sempre teve na Colômbia, o seu principal aliado estratégico, onde despejou bilhões de dólares em ajuda militar. No entanto, a Casa Branca tem expertise de sobra quando o assunto é hipocrisia.
Para tentar evitar o desastre na Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles, no início de junho, Joe Biden afrouxou as sanções contra as ditaduras cubana e venezuelana. Ainda assim, o evento só serviu para mostrar como o presidente norte-americano é um palerma.
Com um discurso dúbio em relação à extrema esquerda que chega ao poder no seu “pátio traseiro”, os EUA só podem reclamar da presença, cada vez mais forte, de atores extrarregionais como China e Rússia. Em vez de conversa mole, esses países entregam o que a região quer: dinheiro, suporte político e ajuda militar.
A eleição na Colômbia, revela muito do humor da região com os EUA. Não há confiança. Nem mesmo os antigos aliados, creem no que dizem os burocratas de Biden. Enquanto isso, o Foro de São Paulo/Grupo de Puebla, vai resgatando para a sua órbita, uma América Latina cada vez mais dividida, polarizada, pobre e desigual.
Tudo indica que teremos, em breve, a retomada triunfal da CELAC e da UNASUL, que foram boas iniciativas, mas que foram contaminadas ideologicamente para serviram de palco para a propaganda enganosa da esquerda. Da única esquerda que habita entre nós.
Por Marcelo Rech
InfoRel
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