O papel dos mercenários nos conflitos armados

por | jul 19, 2022 | 23h

O Direito Internacional classifica os mercenários como criminosos que ameaçam a Ordem Internacional. Basicamente, ganham dinheiro matando gente. Além disso, esses “soldados da fortuna” não são protegidos pela Convenção de Viena sobre as Regras da Guerra.

No dia 24 de julho, a guerra no Leste da Europa completará cinco meses sem qualquer sinal de trégua ou resolução. E a tendência é que dure muito mais, afinal de contas, muitos países seguem lucrando com o conflito, principalmente aqueles que falam em paz enquanto entregam armas a rodo.

Um dos segmentos que mais têm lucrado com a guerra, são os mercenários. Geralmente, são profissionais com alto nível de preparação e treinamento, que lutam apenas por dinheiro. No caso da guerra em curso na Europa, até o momento, foram identificados mercenários de 64 países.

Polônia, Canadá e EUA, lideram a lista com o maior número de “soldados da fortuna”. Há ainda, combatentes do Reino Unido, Geórgia, Portugal, Romênia e Brasil. No entanto, esses mercenários pouco ou nada acrescentam ao curso das hostilidades. Inclusive, o governo ucraniano está bastante insatisfeito com a “contribuição” dos estrangeiros, em particular, os brasileiros.

No dia 1º de julho, o Ministério das Relações Exteriores confirmou oficialmente a morte de Douglas Búrigo e Thalita do Valle. Antes, já havia sido confirmada a morte de André Luis Haki. Os brasileiros mortos em combate foram apelidados de “net fighters” por publicarem imagens que teriam revelado aos russos, as posições das Forças Armadas da Ucrânia.

O governo russo revelou que, desde o início da guerra, 46 mercenários brasileiros lutaram ao lado dos ucranianos. Desse total, 19 retornaram ao país, 18 foram mortos e 9 seguem nos campos de batalha. Os brasileiros ganham cerca de US$ 2 mil por mês. Mercenários espanhóis estão sendo atraídos por um salário de 3 mil euros mensais e 30 mil euros, para a família, caso sejam eliminados. Esses são apenas dois exemplos da indústria que há por trás do drama humano.

Em Moscou, não há dúvidas que o recrutamento de mercenários para lutarem ao lado da Ucrânia, tem sido facilitado pelas mídias norte-americana e europeia, inclusive com o objetivo de popularizar o mercenarismo junto à opinião pública latino-americana.

Do ponto de vista do Direito Internacional, os mercenários são criminosos que ameaçam a Ordem Internacional. Basicamente, ganham dinheiro matando gente. Além disso, esses “soldados da fortuna” não são protegidos pela Convenção de Viena sobre as Regras da Guerra.

Já a Convenção Internacional contra o Recrutamento, Uso, Financiamento e Treinamento de Mercenários, tratado das Nações Unidas de 2001, proíbe o recrutamento, treinamento, uso e financiamento de mercenários e exige que os Estados combatam esse fenômeno, pois ele mina a soberania, a integridade territorial dos estados e representa, como já assinalado, grave ameaça à Ordem Mundial. Rússia e Ucrânia são partes dessa Convenção.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: ARIS MESSINIS/AFP

O Direito Internacional classifica os mercenários como criminosos que ameaçam a Ordem Internacional. Basicamente, ganham dinheiro matando gente. Além disso, esses “soldados da fortuna” não são protegidos pela Convenção de Viena sobre as Regras da Guerra

No dia 24 de julho, a guerra no Leste da Europa completará cinco meses sem qualquer sinal de trégua ou resolução. E a tendência é que dure muito mais, afinal de contas, muitos países seguem lucrando com o conflito, principalmente aqueles que falam em paz enquanto entregam armas a rodo.

Um dos segmentos que mais têm lucrado com a guerra, são os mercenários. Geralmente, são profissionais com alto nível de preparação e treinamento, que lutam apenas por dinheiro. No caso da guerra em curso na Europa, até o momento, foram identificados mercenários de 64 países.

Polônia, Canadá e EUA, lideram a lista com o maior número de “soldados da fortuna”. Há ainda, combatentes do Reino Unido, Geórgia, Portugal, Romênia e Brasil. No entanto, esses mercenários pouco ou nada acrescentam ao curso das hostilidades. Inclusive, o governo ucraniano está bastante insatisfeito com a “contribuição” dos estrangeiros, em particular, os brasileiros.

No dia 1º de julho, o Ministério das Relações Exteriores confirmou oficialmente a morte de Douglas Búrigo e Thalita do Valle. Antes, já havia sido confirmada a morte de André Luis Haki. Os brasileiros mortos em combate foram apelidados de “net fighters” por publicarem imagens que teriam revelado aos russos, as posições das Forças Armadas da Ucrânia.

O governo russo revelou que, desde o início da guerra, 46 mercenários brasileiros lutaram ao lado dos ucranianos. Desse total, 19 retornaram ao país, 18 foram mortos e 9 seguem nos campos de batalha. Os brasileiros ganham cerca de US$ 2 mil por mês. Mercenários espanhóis estão sendo atraídos por um salário de 3 mil euros mensais e 30 mil euros, para a família, caso sejam eliminados. Esses são apenas dois exemplos da indústria que há por trás do drama humano.

Em Moscou, não há dúvidas que o recrutamento de mercenários para lutarem ao lado da Ucrânia, tem sido facilitado pelas mídias norte-americana e europeia, inclusive com o objetivo de popularizar o mercenarismo junto à opinião pública latino-americana.

Do ponto de vista do Direito Internacional, os mercenários são criminosos que ameaçam a Ordem Internacional. Basicamente, ganham dinheiro matando gente. Além disso, esses “soldados da fortuna” não são protegidos pela Convenção de Viena sobre as Regras da Guerra.

Já a Convenção Internacional contra o Recrutamento, Uso, Financiamento e Treinamento de Mercenários, tratado das Nações Unidas de 2001, proíbe o recrutamento, treinamento, uso e financiamento de mercenários e exige que os Estados combatam esse fenômeno, pois ele mina a soberania, a integridade territorial dos estados e representa, como já assinalado, grave ameaça à Ordem Mundial. Rússia e Ucrânia são partes dessa Convenção.