O Uruguai quer abrir logo negociações com a China para um Tratado de Livre Comércio, mesmo sem o MERCOSUL. O presidente Lacalle Pou prometeu não avançar sem antes concluir os estudos de viabilidade em curso pelas duas partes
O Uruguai assumiu nesta quinta-feira, 21, a presidência pro tempore do MERCOSUL, ao final da 60ª Cúpula do bloco, realizada em Assunção, no Paraguai. A prioridade para o presidente Luis Lacalle Pou, é iniciar as negociações para um Tratado de Livre Comércio com a China. Antes de assumir o posto, ele já havia anunciado o desejo do Uruguai de negociar com Pequim, mesmo sem o MERCOSUL.
Em seu pronunciamento, Lacalle Pou revelou que o Uruguai concluiu um estudo de factibilidade para avançar em um Tratado de Livre Comércio com a China. Segundo ele, em breve, equipes dos dois países (Uruguai e China) iniciarão as negociações e uma vez que estas avancem, ele comunicará aos membros do MERCOSUL para que as mesmas se deem em conjunto.
De acordo com o presidente uruguaio, “as negociações com a China têm respaldo no direito e no interesse coletivo já que estas seguem processos realizados por governos anteriores”. Ele afirmou, ainda, que se trata de um tema de interesse nacional para o Uruguai e não apenas do seu governo. “Vamos avançar nesta direção e se podemos fazê-lo juntos, melhor”, destacou.
Lacalle garantiu que a iniciativa, mesmo se conduzida somente pelo Uruguai, “não vulnera, não prejudica, não corrói e nem quebra a nossa organização”. Por outro lado, disse compreender a posição de outros países, contrários ao TLC com a China e também pediu compreensão com o ponto de vista do Uruguai.
“A melhor maneira de proteger o meu país e o meu povo é abrindo-me ao mundo e por isso, estamos dando esse passo que, peço, seja entendido pelo MERCOSUL”, defendeu. A ideia não agrada a Argentina e o Brasil. O Paraguai não tem relações diplomáticas com a China.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, pediu que o MERCOSUL não se deixe levar pela ideia de separação e cobrou “um novo MERCOSUL”. Na sua avaliação, “ninguém se salva sozinho”. Aliado da China a quem pediu apoio econômico recentemente, Fernández tem dificuldades internas para respaldar a iniciativa uruguaia.
Para o Brasil, um TLC com a China também não é simples. Paulo Guedes, ministro da Economia faz eco das pressões do setor industrial e, em princípio, rechaça apoiar as negociações. No entanto, se trata de um tema igualmente sensível, uma vez que a China é, há muitos anos, o principal parceiro econômico do Brasil.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: EFE/Nathalia Aguilar