Eurodeputados vieram avaliar os danos ambientais à Amazônia, no momento em que o continente arde em chamas. Os grandes incêndios já destruíram milhares de hectares na Espanha, França, Reino Unido, Grécia e Portugal, e nenhuma medida fora tomada pelo Parlamento Europeu
Enquanto vários países europeus – Espanha, França, Reino Unido, Grécia e Portugal – lidam com fortes incêndios e uma onda de calor sufocante, três eurodeputados decidiram visitar a região norte do Brasil e se disseram chocados com a Amazônia. A alemã Anna Cavazzini e os franceses Michèle Rivasi e Claude Gruffat, irão propor restrições à importação de produtos brasileiros, madeira e ouro, por conta da destruição da floresta.
Gruffat revelou que as empresas europeias também serão cobradas caso não tenham controle sobre o que compram do Brasil. Outra medida será exigir que as companhias europeias tenham mais controle e rastreabilidade dos produtos que compram.
“Foi chocante ver com os próprios olhos como os povos indígenas e as comunidades tradicionais estão sendo afetadas e o impacto do garimpo ilegal, das plantações de soja, da destruição da floresta”, disse a alemã Anna Cavazzini, vice-presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com o Brasil.
Grande parte da madeira ilegal da Amazônia, tem como endereço a Europa, assim como o ouro extraído por meio de garimpos igualmente ilegais, muitos deles, operados na Guiana Francesa, colônia europeia que faz fronteira com o Amapá. Eles também reforçarão à oposição à ratificação do Tratado de Livre Comércio MERCOSUL – União Europeia, aprovado em 2019 e sob revisão jurídica.
Para os três, a UE não pode ser cúmplice do que chamaram de “desmatamento importado”. Eles querem, ainda, fortalecer o sistema europeu de rastreamento das cadeias de fornecimento de madeira, soja, cacau e carne. “Também somos responsáveis por muita importação de atividades econômicas ilegais que estão acontecendo na região”, reconheceu a eurodeputada alemã.
Cavazzini assinalou que, no caso da madeira e do ouro da Amazônia, que chegam à Europa, há certificações legais, “mas está claro que, no fim, foi ilegalmente desmatado ou ilegalmente explorado”, destacou. O grupo também ficou impressionado com a presença do crime organizado na região.
Na sua avaliação, “a pressão sobre o governo brasileiro tem que aumentar. Acho que estamos ainda apenas observando o que está acontecendo e pensando que este problema não é nosso. Mas também é um problema da União Europeia”, afirmou. Por outro lado, nenhum deles explicou a mudança de estratégia da União Europeia quanto à exploração de carvão e o uso, para plantio, de reservas ambientais. Também não falaram sobre a redução que será imposta pelo bloco ao consumo de gás natural, aos europeus, proibidos de explorarem suas reservas, enquanto seguem importando o produto da Rússia.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: Folheto via REUTERS