A importância estratégica de Taiwan

por | ago 3, 2022 | 19h

Nos últimos dias, a pequena ilha de Taiwan, no Sudeste da Ásia, voltou a ganhar notoriedade internacional por conta do desatino norte-americano. Teve gente que acreditou que a China iria bombardear um avião da Força Aérea dos EUA com a presidente da Câmara dos Deputados, dentro. Não foi para tanto.

Nancy Pelosi ficou poucas horas em Taipei, não negociou nada nem assinou acordo algum. Ao que parece, o objetivo era exatamente ganhar as manchetes para desviar as atenções para o caos econômico vivido pelo seu país. E, para que fique registrado, esse desatino não é coisa só de democrata. Em 1997, o deputado republicano Newt Gingrich, também deu um pulinho por lá.

Com uma população de 24 milhões de habitantes, Taiwan, não é somente uma ilha rebelde que se recusa a ser parte da China. Tem a sua importância estratégica, afinal de contas, quem controla Taiwan, domina o Mar do Sul da China, onde se encontram as principais rotas de navegação do comércio internacional.

Além disso, a ilha pode servir muito bem como base de lançamento de bombardeios e ataques anfíbios à China continental. Com cerca de 2,5 milhões de reservistas e um exército integrado por 150 mil soldados, a ilha não é necessariamente um adversário fácil de ser batido.

Daí, os exageros daqueles que chegaram a comparar a viagem da deputada à crise dos mísseis de Cuba, de 1962, quando o mundo esteve à beira de uma hecatombe nuclear. Taiwan é apenas mais um dos vários atritos que alimentam a guerra comercial entre a China e os EUA.

Washington, por exemplo, reconhece historicamente “uma só China” que é a parte maior, governada pelo Partido Comunista. Não houve nem haverá mudanças quanto a isso. Taiwan é reconhecida como nação por apenas 14 outros estados e um dos seus principais parceiros comerciais é justamente a China que respondeu, em 2021, por US$ 120 bilhões em exportações da ilha.

Um dos aspectos centrais da atração exercida por essa pequena ilha, está no seu desenvolvimento tecnológico. Apesar de não ser membro da ONU nem ter o reconhecimento de países como o EUA e o Brasil, Taiwan está entre as 25 maiores economias do planeta e as dez maiores da Ásia.

Destaca-se, sobretudo, pelo desenvolvimento e fabricação de chips. Lembram-se da polêmica do 5G no Brasil e a participação de empresas chinesas no processo? Pois bem, a China, hoje, depende de Taiwan para poder ambicionar esse mercado. Não é só uma ilha ou um punhado de terra que Pequim considera seu.

E o berreiro de Xi Jinping, guarda relação direta com a aproximação do 20º Congresso do Partido Comunista que confirmará (ou não) a permanência do líder como chefe do PC e presidente da China. É bastante improvável que surja um nome diferente, mas por via das dúvidas, é melhor rosnar – a China anunciou que realizará exercícios militares entre 4 e 6 de agosto no entorno de Taiwan – do que simplesmente, aceitar que os EUA exerçam influência no seu quintal.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: IStock / Hung Chin Liu)