Daniel Scioli perdeu espaço político com a criação de um super ministério da Economia no país vizinho. Ele reassumirá o cargo em Brasília como prêmio de consolo, mas pretende intensificar a cooperação bilateral em várias áreas
O ex-ministro do Desenvolvimento Produtivo da Argentina, Daniel Scioli, será, novamente, embaixador no Brasil. Ele havia deixado o posto em Brasília, em junho, para ocupar o cargo de ministro no gabinete do presidente Alberto Fernández. Com a grave crise econômica enfrentada pelo país vizinho, o presidente viu-se obrigado a promover novas mudanças no primeiro escalão do governo.
Sérgio Massa, renunciou como presidente da Câmara dos Deputados e assumiu como ministro da Economia, numa pasta que engloba, agora, a certeira de Desenvolvimento Produtivo. Massa e Scioli são adversários políticos. Não restou ao ex-vice-presidente da Argentina, outra alternativa. A Embaixada no Brasil lhe foi oferecida e aceita.
Daniel Scioli pretendia usar o cargo de ministro para pleitear a vaga de candidato presidencial em 2023. Com a crise econômica, Alberto Fernández deu a Sérgio Massa, um posto de super ministro, quase um primeiro-ministro. Caso tenha êxito no ajuste fiscal prometido, ele seria o candidato natural à presidência no ano que vem.
Tendo a Embaixada no Brasil como prêmio de consolo, Daniel Scioli pretende buscar uma maior unidade e integração entre os dois países. Nesta quarta-feira, 3, ele afirmou que, “divididos somos débeis, juntos somos mais fortes”. Um dos seus principais desafios está em melhorar a competitividade argentina com respeito ao Brasil.
Em Bueno Aires, ele participou, junto com o Embaixador do Brasil, Reinaldo Salgado, do seminário Sustainable Mobility: Ethanol Talks Argentina. No evento, ele destacou que “é tempo de integração financeira, energética, industrial, alimentar, turística e de infraestrutura”.
O seminário foi promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Cana de Açúcar (ÚNICA), com o apoio da Apex-Brasil e da Acuerdo Productivo Local de Alcohol (APLA). Participaram representantes das principais empresas do mercado de etanol dos dois países e um dos temas prioritários foi a adoção de políticas públicas voltadas para os biocombustíveis na região.
Scioli já foi aceito pelo governo brasileiro e deve reassumir suas funções nos próximos dias. O Brasil também aguarda deliberação do Senado para que Hélio Ramos Filho, atual embaixador na Itália, possa ser sabatinado para assumir o posto na Argentina ainda neste ano.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: NA/JUAN VARGAS