O novo presidente da Colômbia quer retomar as negociações de paz com o ELN, segunda maior guerrilha do país e deseja que países como Brasil, Cuba, Chile, Noruega e Venezuela, continuem como garantes do processo interrompido há cinco anos
Em seu primeiro dia como presidente da Colômbia, Gustavo Petro reuniu-se com o colega chileno, Gabriel Boric. Na agenda, integração energética e processo de paz. Primeiro político de esquerda da história a assumir o cargo, Petro, que foi guerrilheiro do Movimento 19 de abril (M-19), quer o apoio do Brasil, Chile, Cuba, Noruega e Venezuela, para retomar o processo de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN).
De acordo com Petro, “é preciso revitalizar e reconhecer os protocolos já existentes, e pedir aos países que foram garantes desse processo, que sigam sendo, e podem haver outros”. Ainda, segundo ele, “hoje, teríamos que perguntar a esses governos se querem e desejam seguir sendo garantes do processo que se reinicia”, afirmou.
O assunto, no entanto, não foi tratado pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, que representou o presidente Jair Bolsonaro, nas cerimônias de posse de Gustavo Petro e Francia Márquez. No sábado, 6, o ministro se reuniu com o chanceler colombiano, Álvaro Leyva, na qual foram discutidas as perspectivas para a agenda da relação bilateral.
O tema processo de paz, tampouco entrou na agenda e no encontro seguiu-se um almoço oferecido a executivos de empresas brasileiras e colombianas. Os dois discutiram, basicamente, como explorar as potencialidades existentes na dimensão fronteiriça e amazônica.
Para o Brasil, interessa aprofundar a cooperação com a Colômbia em temas de integração econômica, empresarial, energia verde, meio ambiente, segurança e defesa. Atualmente, uma empresa brasileira desenvolve o programa de modernização de veículos blindados Cascavel e Urutu colombianos. Há, ainda, interesse da Embraer em fornecer aeronaves para a Colômbia. Por outro lado, o governo colombiano pretende manter a indicação do atual embaixador em Brasília, Darío Mejía, para o cargo de Secretário-Geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). A indicação fora feita pelo ex-presidente Iván Duque. O Brasil apoia o nome de Mejía e a indicação depende, agora, de aceitação do governo da Venezuela. França também sugeriu a criação do Conselho Empresarial Brasil – Colômbia, como uma das medidas para fortalecer a OTCA.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: Via @AlvaroLevya