O Paraguai conseguiu, ainda, US$ 220 milhões para serem investidos no sistema elétrico nacional e em ações socioambientais. O Brasil queria a redução da tarifa e o Paraguai, o seu reajuste. No final, chegou-se a um valor intermediário
Nesta terça-feira, 9, os membros do Conselho de Administração de Itaipu, lado paraguaio, informaram que os dois países chegaram a um acordo quanto ao valor da tarifa a ser paga pelo Brasil, pela energia recomprada do Paraguai. O valor fechado será de US$ 20,75 kW/mes.
O Paraguai queria subir a tarifa para US$ 22,6 kW/mês, enquanto que o Brasil defendia baixar para US$ 18,95 kW/mês. As informações são do diretor paraguaio de Itaipu, Manuel María Cáceres, ex-embaixador do Paraguai no Brasil.
Congelada desde 2009, a tarifa foi reduzida em 8,2%. É a primeira redução da tarifa de Itaipu após quase 14 anos. O Ministério de Minas e Energia acredita que a medida permitirá a redução da conta de luz do consumidor da energia gerada pela usina.
Além do reajuste na tarifa, o Paraguai conseguiu garantir mais US$ 220 milhões em recursos. Cáceres explicou que US$ 140 milhões serão destinados a estatal paraguaia de energia, Administração Nacional de Eletricidade (ANDE), e os outros US$ 80 milhões serão investidos em ações socioambientais. Assunção conseguiu, ainda, garantir a contratação de potência até dezembro de 2023 com os valores previstos no Acordo Operativo de 2007.
Por conta do acordo fechado com o Brasil, o presidente Mario Abdo Benítez, anunciou que a ANDE poderá reduzir em até 25% o valor da tarifa para os clientes residenciais. Cerca de 1,1 milhão de pessoas serão beneficiadas com a medida que valerá, a princípio, entre setembro e dezembro deste ano.
Negociação
O Paraguai defendia, desde o ano passado, a manutenção da tarifa de venda para garantir o financiamento de Itaipu para obras executadas pela ANDE. A estatal conta com US$ 140 milhões em fundos aprovados para fortalecer o sistema elétrico paraguaio, mas dependia do acordo fechado entre os dois países.
De acordo com as autoridades paraguaias, o Brasil defendeu reduzir a tarifa de venta considerando a diminuição das dívidas da binacional, contraídas à época de sua construção. Diminuir o valor, representaria diminuir os ingressos para o Paraguai. Portanto, os paraguaios aceitaram não subir o valor, para evitar que ele baixasse. No final, as partes chegaram a um valor intermediário.
A operação e os projetos estratégicos da empresa, como a atualização tecnológica da usina, a Ponte da Integração Brasil-Paraguai e a revitalização do sistema de Corrente Contínua de Alta Tensão (HVDC) de Furnas, entre vários outros, estão com os recursos preservados para a sua execução.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: Via MercoPress.