Os empresários também ficaram alarmados com as expectativas em relação à inflação. Em 2022, a Argentina deve fechar o ano com uma taxa superior aos 60% e 4 mil por cento de desvalorização do peso em relação ao dólar
A crise econômica na Argentina preocupa o empresariado brasileiro, uma vez que o país é um dos principais destinos das nossas exportações. Em evento realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), a inércia demonstrada pelo governo argentino quanto à redução dos gastos públicos, foi apontada como uma das principais causas da crise.
Os empresários também ficaram alarmados com as expectativas em relação à inflação. Em 2022, a Argentina deve fechar o ano com uma taxa superior aos 60%. Para os integrantes da FIERGS e da Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do Rio Grande do Sul, Alberto Fernández não tem condições de promover uma reforma estrutural profunda, prioridade que terá de assumir o próximo presidente a ser eleito em 2023.
Atualmente, a Argentina, conta com cerca de 4,5 milhões de pessoas trabalhando para o Estado, 5 milhões de celetistas e 20 milhões recebendo algum tipo de auxílio do governo. Trata-se de uma realidade, na visão dos empresários, insustentável. Para o segmento, não há solução viável para a Argentina, no curto prazo.
O consultor econômico e analista internacional, Gustavo Segré, e o presidente da Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do Rio Grande do Sul (Ceab-RS), Fábio Ciocca, fizeram uma análise sobre a situação atual do país vizinho, um dos principais parceiros comerciais brasileiros.
Eles lembraram que, apesar de possuir uma das maiores reservas de gás do mundo, a Argentina não produz o suficiente e importa US$ 2 bilhões por mês do insumo para abastecer o mercado interno. Além disso, o peso argentino desvalorizou mais de 4.000% em relação ao dólar, entre 2004 e 2022.
Ainda assim, nos primeiros seis meses do ano, houve crescimento do fluxo rodoviário na jurisdição da ponte de Uruguaiana, na fronteira com Paso de Los Libres, na Argentina. Em junho, a indústria do Rio Grande do Sul exportou US$ 132,8 milhões à Argentina, 60,9% a mais na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Segré destacou também que a conjuntura mundial, com a inflação puxando para cima ainda como efeito da pandemia, a falta de insumos e produtos e a guerra entre Ucrânia e Rússia, que provoca crise no abastecimento de energia, são duros fatores a serem enfrentados atualmente. Segundo ele, “o Brasil tem cumprido suas tarefas, com indicadores bons, um dos poucos países a diminuir a pressão tributária com superávit fiscal, geração de empregos satisfatória e abertura de novas empresas”, disse.
Por Marcelo Rech
InfoRel
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