Brasil rejeita unilateralismo, assegura diplomata em reunião com Irã

por | ago 31, 2022 | 20h

Em Teerã, diplomata brasileiro defendeu a participação do Irã no Grupo de Segurança Política da SCO e seu papel no grupo econômico BRICS Plus. Kenneth Nóbrega também assegurou que o Brasil conduz suas relações com pragmatismo e prometeu intensificar o intercâmbio político bilateral

Nesta terça-feira, 30, o Embaixador Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega, Secretário de Oriente Médio, Europa e África, do Ministério das Relações Exteriores, participou da 11ª Reunião de Consultas Políticas Brasil – Irã, realizada em Teerã. Na oportunidade, ele afirmou que “o Brasil busca aumentar a cooperação e a interação internacional e aprimorar o pluralismo, e rejeita o unilateralismo, incluindo a imposição de sanções econômicas”.

Ele também reconheceu o papel do Irã como importante parceiro na tomada de decisões internacionais nas áreas política, segurança e economia. Em reunião com o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Bagheri Kani, o diplomata brasileiro defendeu a participação do Irã no Grupo de Segurança Política da SCO e seu papel no grupo econômico BRICS Plus.

Bagheri Kani referiu-se aos recentes desenvolvimentos internacionais, incluindo o conflito no Leste da Europa, destacando a oposição do Irã em relação à guerra, acrescentando que a liderança do sistema global passou da unipolaridade para a multipolaridade, o que determinaria as condições e exigências de uma nova ordem mundial.

Segundo ele, “as relações do Irã com o Brasil são determinadas em termos de responsabilidade, papel e posição desses dois países no novo sistema dentro da estrutura de abordagem pluralista”. Na sua avaliação, o regime unipolar está tentando moldar as relações globais com base em seus interesses.

Seria, a partir deste ponto de vista, que os EUA usariam o embargo como uma ferramenta para traçar um atlas de economia, política e segurança internacional para obter a quantidade mais significativa de lucro e benefício para si e seus aliados e reduzir o benefício econômico de países independentes do mercado global.

Kenneth Nóbrega, por sua vez, reconheceu as capacidades políticas e econômicas da República Islâmica do Irã na região. Ele também expressou a sua esperança de que essas relações sejam fortalecidas, destacando a necessidade de desenvolver a cooperação bilateral entre os dois países em todas as dimensões políticas, econômicas e culturais.

Já o chanceler iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, qualificou os 120 anos das relações diplomáticas entre o Brasil e o Irã, como “um valioso capital”. O chefe da diplomacia persa reuniu-se também com o Embaixador Kenneth Nóbrega, como parte da agenda de consultas políticas Irã-Brasil.

No encontro, Amir-Abdollahian, reiterou a importância das relações do Irã com a América Latina, em especial, o Brasil. De acordo com ele, “a República Islâmica não tem nenhuma restrição quanto ao desenvolvimento total das relações com o Brasil”, afirmou. Ele reforçou, ainda, a necessidade de os respectivos setores públicos ajudarem a resolver os problemas enfrentados pelos setores privados quanto ao desenvolvimento das relações econômicas e comerciais. Kenneth Nóbrega remarcou que, da parte brasileira, essas relações são pragmáticas e prometeu intensificar o intercâmbio de delegações políticas do Brasil para o Irã.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: tehrantimes