Quem é o culpado pelo caos mundial?

por | set 1, 2022 | 20h

Já se vão seis meses de guerra na Europa e as tensões em todas as partes do planeta parecem não arrefecer. É como se algo ou alguém estivesse, literalmente, por trás, instigando os conflitos, gerando tensões, provocando crises.

Foram mais de dois anos de pandemia, agora, uma guerra que afeta toda a cadeia produtiva e logística mundial. Como se não bastasse, seguem as guerras esquecidas de África, enquanto lenha é posta na fogueira na Ásia e na América Latina.

Henry Kissinger, diplomata norte-americano de origem judia, ex-Secretário de Estado e ex-Conselheiro de Segurança Nacional, dos EUA, foi um dos grandes arquitetos dos golpes aplicados pela Casa Branca, entre 1968 e 1976. Partiu dele, por exemplo, o golpe no Chile, em 1973, mas que começou a ser implementado em 1970, quando o socialista Salvador Allende, ganhou as eleições.

O golpe, na concepção dos EUA, é um processo que começa de forma sutil até asfixiar um país política e economicamente. Foi o que ele pôs em marcha e que deu origem a uma ditadura que durou 17 anos. Pois bem, o mesmo Kissinger, lúcido aos 99 anos, tem dito que Washington está desenvolvendo uma política perigosa contra Moscou e Pequim.

Em outras palavras, a velha raposa tem muito claro que são os EUA os grandes responsáveis pelo caos mundial em que vivemos. E não precisa ir muito longe para entender as razões que levam um país hegemônico a cutucar com vara curta, duas onças bravas como são a Rússia e a China.

Dona da maior indústria bélica do mundo, os EUA necessitam de guerras, conflitos e tensões, para a sua própria sobrevivência. Os ocupantes transitórios da Casa Branca, sabem bem como isso funciona e não podem dar sopa para o azar, sob pena de levarem um belo chute no traseiro.

Não importa, para essa indústria, se o inquilino é democrata ou republicano. O que importa que é não se pode ganhar a vida com a paz. Para fazer valer essa máxima, não dizem nada o Direito Internacional ou a inviolabilidade territorial dos demais. Parece um contrassenso, correto? Afinal, os EUA estão armando a Ucrânia justamente por ter sido ela, invadida por um agressor.

Há dois dias, o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, faleceu aos 91 anos em Moscou. Escrevemos a respeito. Foi um dos responsáveis pelo fim da Guerra Fria travada entre a URSS e os EUA, quando o mundo respirava sob dois polos antagônicos.

Pois bem, desde o final da Guerra Fria, os EUA tentam impor uma nova ordem mundial que atenda aos seus interesses e onde os demais não passem de peões a gerar lucro e riqueza para a indústria da guerra norte-americana.  Aos pequenos e fracos, resta dançar conforme a música.

A guerra no Leste Europeu é um exemplo. Não são poucos os que asseguram que se trata de um evento forçado. Verdade ou não, o fato é que Kiev segue comprando armas, os vizinhos seguem se armando e o mundo está cada vez mais inseguro. Como se isso não fosse suficiente, vamos atazanar a China.

Enquanto trabalha para prolongar ao máximo a guerra na Europa, os EUA atentam Pequim subindo e descendo de Taiwan. Não se trata de um gesto irresponsável de um ou outro político norte-americano, mas de uma estratégia pensada para desestabilizar mais um canto do mundo.

Principal produtor e exportador de armamentos, os EUA não sossegam enquanto não entornam o caldo. Na esteira dessa artimanha, veem as crises, a escassez, os aumentos nos preços de alimentos e petróleo. Tudo que é desgraça, é parte do pacote para vender armas.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: Financial Times