A mensagem que vem do Chile para a América Latina

por | set 8, 2022 | 16h

No domingo, 4, quase 80% dos chilenos disseram não à Constituição aprovada pelo Congresso do país. Os mesmos chilenos que elegeram um governo de esquerda, deixaram claro que uma coisa é uma coisa e outra coisa, é outra coisa. Esquerda no poder é da democracia, ok. Mas, cubanizar o país, já é demais.

A mensagem que vem do Chile para a América Latina é clara: não nos tratem como idiotas. A esquerda que chegou ao poder com Gabriel Boric, enxerga o país pelo retrovisor, buscando vingança e um acerto de contas com o passado pinochetista. Não era isso que os chilenos queriam quando elegeram o jovem presidente.

A ditadura terminou ainda nos anos 90 e Augusto Pinochet morreu faz muito tempo. A Constituição em vigor, criticada pela esquerda por ser obra de um regime militar sangrento, é a mesma que alçou o país à condição de modelo para a região e para o mundo.

O campo socialista latino-americano viu no Chile, uma grande oportunidade de ampliar o domínio regional. A ideia era transformar o país da mesma forma que se fez com a Bolívia, hoje um Estado Plurinacional. Até mesmo o que era bom na Constituição, foi para a lata do lixo por conta dos exageros.

O Chile é um país muito pequeno e com pouca margem de manobra para buscar um lugar de destaque internacional. Ainda assim, é o país que mais acordos de livre comércio assinou e cuja economia não parava de crescer. Claro, como todos os latino-americanos, também é marcado por graves desigualdades.

Todos os países precisam de mudanças e a chegada de um novo governo é a grande oportunidade para promovê-las. As coisas se complicam quando esses governos tomam um choque de realidade e veem que venderam uma coisa quando pretendem entregar outra.

O Chile viveu uma grave crise social em 2019, com distúrbios que forçaram o então presidente Sebastián Piñera, a convocar um referendo. A redação de uma nova Constituição foi desejo da maioria. Hoje, a maioria diz não à Constituição parida pelos radicais após um ano de debates.

Vale registrar, também, que o conceito de democracia da esquerda latino-americana é bastante peculiar. Essa esquerda promoveu um quebra-quebra, incendiou igrejas e vandalizou os serviços públicos para que a Constituinte fosse convocada. Agora, com a Constituição rejeitada nas mesmas urnas que elegeram um presidente socialista, a esquerda trata de reviver o caos de 2019.

Dito de outra forma: a democracia vale quando eu alcanço o que eu quero. Vale para o Chile, para a Bolívia, para Cuba, para a Venezuela. Vale para a Europa “politicamente correta” e para os democratas que governam os EUA. Ah, e vale tacar fogo em tudo, que isso é liberdade de expressão.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: Reuters