Dentre os 51 grupos temáticos criados para discutir a situação atual e futura do Brasil, temos o de Relações Exteriores integrado pelo ex-senador e ex-ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, acusado pelo PT de golpista no impeachment de Dilma Rousseff; o diplomata Audo Faleiro, que foi braço-direito do professor Marco Aurélio Garcia, que já foi o “chanceler informal” de Lula no passado; o ex-ministro Celso Amorim, hoje o principal conselheiro internacional do presidente eleito; o ex-senador Cristovam Buarque, que também foi ministro da Educação de Lula (foi demitido por telefone quando estava em missão no exterior); a Secretária-Executiva do Foro de São Paulo, Monica Valente; o ex-assessor legislativo do Ministério da Justiça de Lula, Pedro Abramovay, hoje homem-forte da Open Society, de George Soros; y Romênio Pereira, secretário de Relações Exteriores do PT.
O que esse grupo transparece é que a nova Política Exterior Brasileira, será nada mais, nada menos, que a “velha” Política Exterior Brasileira. Muito mais ideológica e alinhada ao Foro de São Paulo, mecanismo que coordena as políticas nos países de esquerda, assegurando, entre outros, a preservação do poder.
Lula pretende ser reconhecido como um líder internacional de relevo e, para isso, o Itamaraty estará a seu serviço. Sim, deveria estar à serviço do Estado, mas isso é outra coisa. Há muitos anos que o Ministério das Relações Exteriores é apenas mais um ministério na distribuição do poder (entenda-se, cargos).
Justamente por isso, pela necessidade de personalizar na figura do presidente eleito, o líder internacional que ambiciona sentar-se à mesa das grandes potências, que o Itamaraty também terá de reposicionar-se em temas como a normalização das relações diplomáticas com a Venezuela, o reconhecimento, o apoio e a cooperação com a ditadura da Nicarágua, o aporte de recursos para Cuba, e etc.
Lula quer ainda, uma relação especial com os EUA. Por isso, José Dirceu tem enviado com enorme discrição, emissários que tem dialogado com membros da Casa Branca. Seria uma heresia para a esquerda mais à esquerda, sequer sonhar que o futuro governo será tratado a pão-de-ló por Washington.
E não esqueçamos os europeus que são os que sustentam a maior parte dos regimes autoritários na América Latina e na África. Eles já estão negociando os futuros “contratos verdes” com o Brasil que, segundo muitos, voltou ao mundo agora.
Por Marcelo Rech
InfoRel
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