Estamos há pouco mais de 40 dias da posse de um novo (velho) governo e a transição, iniciada no dia 1º de novembro, nos diz que será uma administração irresponsável com os gastos públicos e populista em sua prioridade social. Será, também, um governo personalista em que Lula buscará, de todas as formas, desfazer-se da imagem de corrupto condenado.
Poucas coisas, no entanto, chamam a atenção. O presidente eleito, em sua primeira viagem ao exterior, optou por usar um jatinho de um empresário ficha suja, preso por corrupção. Para apresentar-se como o paladino do meio ambiente, somou-se àqueles que também voaram para o Egito em jatos privados, que poluem até 400 vezes mais que os aviões de carreira.
Com um único gesto, já conseguiu desagradar grande parte dos seus apoiadores. E não, não se trata de um equívoco ou um deslize, confundir o público com o privado. Para alguém que deixou a cadeia graças aos amigos togados, essa é uma forma de dizer à sociedade que está pouco se lixando para a liturgia do cargo.
Mas, tem mais: para a transição, recebendo salários de R$ 17 mil, já foram nomeadas quase 400 pessoas, entre ativistas, ex-ministros, políticos derrotados nas urnas, bajuladores e poucas, muito poucas pessoas realmente qualificadas. Para se ter uma pequena ideia, em 2018, na transição de Michel Temer para Jair Bolsonaro, foram 31 pessoas no total.
Para finalizar, não me perguntem quem serão os ministros. A disputa é uma das mais duras de que se tem notícia. Para ilustrar, basta dizer que é mais fácil acertar duas vezes na loteria, ou passar em primeiro lugar no vestibular de uma dessas federais.
Uma coisa eu garanto, os ministros serão escolhidos entre os que foram sondados, os que pretendem ser, os que “plantam” seus nomes na imprensa para ver se cola, e aqueles que se somaram ao eleito para eliminar o “inimigo comum”.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: Agência Senado