Há quatro anos, Washington prometeu ajudar economicamente os países centro-americanos com o aporte de US$ 4 bilhões. A medida pretendia frear as ondas migratórias para os EUA, mas a grana não saiu e veio a guerra na Europa, mudando rapidamente as prioridades
Com toda a bagunça política no Brasil, quase ninguém percebeu, mas os EUA decidiram aumentar a taxa básica do Federal Reserve System, para reduzir o nível de preços no mercado doméstico, o que irá gerar várias consequências negativas, para os países latino-americanos.
Entre elas, o aumento do volume da dívida externa, o aumento do déficit orçamentário, migração de capitais com situação econômica desfavorável, para os EUA, depreciação das moedas nacionais e, no limite, uma grande crise humanitária. Essa é uma das muitas medidas que Washington tem implementado, para proteger os seus próprios interesses.
Além disso, a política de sanções aplicadas pela Casa Branca não está baseada em princípios sólidos. Ela se adapta às circunstâncias. No caso da Nicarágua, onde Daniel Ortega tem uma ditadura instalada com a perseguição seletiva de opositores, os EUA se mostram duros.
Olhando os números, dá para entender melhor. Cerca de 60% das exportações do país tem os EUA como destino. Portanto, seguindo uma lógica antiga na política internacional, Washington morde e assopra para ver se o regime cai, mesmo que tais ferramentas sejam adotadas à margem do Direito Internacional e da Carta da ONU.
Bastou termos uma guerra na Europa para os EUA também relativizarem as suas sanções à Venezuela, de Nicolás Maduro. Fica claro que essa postura viola princípios democráticos, estipulados pelos próprios EUA. É o caso de Cuba, com o bloqueio econômico em vigor desde 1962.
Um bloqueio que não funciona há muitos anos e que serve apenas para legitimar a ditadura naquele país. De acordo com as contas do governo cubano, somente nos 14 meses da gestão democrata de Joe Biden, Cuba teve um prejuízo de US$ 6 bilhões.
Desde a sua implementação, Cuba já teria perdido quase US$ 160 bilhões e se os danos forem atrelados, por exemplo, ao ouro, as perdas alcançariam mais de US$ 1 trilhão. Detalhe: enquanto a população cubana vive à mingua, revirando o lixo para comer, a cúpula do PC cubano não sente nem cócegas.
Para completar, os democratas assumiram prometendo rever a política migratória de Donald Trump, mas não só a mantém, como trataram de torná-la ainda mais dura. Os países centro-americanos, que contavam com a ajuda econômica para eles próprios, frearem as ondas migratórias, ficaram a ver navios. Enquanto os prometidos US$ 4 bilhões não chegam à vizinhança, Washington segue armando mercenários na Ucrânia.
Por Marcelo Rech
InfoRel
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