Portugal quer tirar o TLC UE-MERCOSUL do papel e conta com o Brasil

por | nov 23, 2022 | 18h

Em Lisboa, Lula ouviu apelos emocionados do presidente que é de direita e do primeiro-ministro, que é de esquerda. País pequeno e considerado pobre para os padrões europeus, Portugal aposta no Livre Comércio para alavancar a exportação de pastéis de Belém

Em 2019, o Tratado de Livre Comércio União Europeia-MERCOSUL, foi fechado após mais de 20 anos de negociações. Mas, com Jair Bolsonaro na presidência, era preciso criar um embaraço qualquer para travar sua ratificação. E a Europa o fez com maestria.

Usando as políticas ambientais como desculpa, os europeus decidiram que o Brasil teria de mudar muitas coisas, apagar os incêndios na Amazônia e salvar o boto cor-de-rosa, para viabilizar o TLC. Com a guerra no Leste e o aperto proporcionado por Vladimir Putin, a UE passou a pressionar o Brasil para arrancar o acordo de uma vez.

Como isso não foi possível – o setor agrícola europeu não abre mão do protecionismo para tentar não cair para a Série D do mercado internacional – os europeus apostaram na eleição de Lula, o queridinho do Macron. Agora, a esquerda brasileira quer rever o TLC. Ou seja, deu ruim mais uma vez.

Se antes não dava para ratificar porque o Brasil não cuidava das girafas e dos ursos na Amazônia, agora é bom colocar o pé no freio. A militância associada ao PT quer saber se a ideologia de gênero é respeitada no tratado e se o mundo LGBT+, terá espaço no comércio entre os dois blocos.

Na semana passada, o presidente eleito fez uma parada estratégica vindo do Egito no jatinho do empresário enrolado com a Justiça. Na oportunidade, Lula ouviu do presidente Marcelo Rabelo e do primeiro-ministro Antonio Costa, os apelos para que o acordo saia do papel e entre em vigor logo.

Doidera isso, né? Uma hora querem, outra não. Uma hora é meio ambiente, depois é a guerra, e agora, a Agenda 2030 especialmente adaptada pela esquerda brasileira. Vale lembrar que, mesmo firmado, o texto que é um calhamaço de papel, ainda terá de ser discutido e votado pelos quatro membros do MERCOSUL e os 27 (caramba) membros da UE.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: G1