Os dois países participaram doFórum Internacional AtomExpo, que reuniu os principais representantes da indústria nuclear mundial no Parque de Ciência e Arte Sirius, na cidade russa de Sochi
A modernização da legislação e de marcos regulatórios brasileiros para fomentar parcerias e dar mais segurança jurídica a investidores do setor de energia nuclear foram os principais destaques na ATOMEXPO 2022, fórum internacional realizado na semana passada, em Sochi, na Rússia.
O evento contou com a participação da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), principal responsável pela recente revisão no marco regulatório das atividades nucleares brasileiras, que abriu espaço ao setor privado, possibilitará uma expansão mais rápida do setor.
Um dos objetivos do Brasil é expandir as atividades nucleares no Brasil, não só a produção de energia, mas também a mineração de urânio. Ney Zanella, presidente da ENBPar, explicou que o país deseja “não só Angra 3, mas também Angra 4, e estamos com um projeto de mineração em Santa Quitéria para, em parceria com a iniciativa privada, produzir urânio yellow cake no Nordeste brasileiro”, explicou.
A ENBPar é responsável pela gestão dos setores de energia nuclear e Itaipu, que não puderam ser privatizados com a Eletrobras. Na sua avaliação, a mudança de governo no Brasil não terá impacto negativo sobre os projetos de expansão da atividade nuclear.
“A política nuclear brasileira é de Estado. Os governos mudam […], mas o foco da energia nuclear nunca foi alterado, pelo contrário, expandido. A energia nuclear pode ajudar muito no monitoramento do meio ambiente, afinal temos uma Amazônia inteira para monitorar e cuidar”, destacou.
Rosatom
Em outubro deste ano, a ENBPar e a empresa estatal russa do setor nuclear Rosatom assinaram um memorando de entendimento para aprofundar a cooperação em áreas como construção, operação e descomissionamento de novas usinas nucleares de alta capacidade baseadas em tecnologias russas no Brasil.
“A parceria com a Rosatom veio em um momento favorável da expansão da atividade brasileira, até porque nossos projetos preveem uma expansão de entre 8GW e 10GW no setor nuclear nos próximos 30 anos”, revelou Ney Zanella. O diretor-geral da Rosatom, Aleksei Likhachev, revelou que os projetos de cooperação internacional da Rosatom seguem inalterados, apesar da nova realidade geopolítica.
“Mantivemos praticamente todos os vínculos comerciais e científicos com nossos parceiros, e vemos um desejo muito grande de superar juntos os desafios atuais. O setor nuclear está sendo um oásis de cooperação e bom senso, enquanto em outras áreas o mundo parece estar se dividindo”, afirmou.
O Fórum AtomExpo 2022 foi realizado nos dias 21 e 22 de novembro, e contou com representantes de mais de 50 países, incluindo Belarus, Brasil, China, Egito, Hungria, Índia, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia e Vietnã.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: Defesa News