O Tratado de Itaipu vence em agosto de 2023. Um acordo implicará em aumento da energia para os consumidores brasileiros, algo que o futuro governo não quer, pelo menos no início da gestão que assumirá em janeiro.
No dia 30 de abril, os paraguaios vão às urnas para eleger o novo presidente e um novo Congresso. Após as eleições no Brasil, Assunção, agora, aguarda uma definição por parte de Lula para saber como caminharão as negociações para a revisão do Tratado de Itaipu.
Jair Bolsonaro e Mario Abdo Benítez, sustentaram uma boa relação e Itaipu, recuperada economicamente, financia as obras de construção de duas pontes que irão desafogar a Ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Este. Mas, o Paraguai quer muito mais.
Os paraguaios, com forte pressão política e até mesmo da Igreja Católica, exigem negociações que aumentem significativamente os valores pagos pelo Brasil, pela compra da energia excedente paraguaia. O assunto é tema de discussões no Gabinete de Transição, mas não há nenhuma sinalização a respeito.
Mais importante, para o PT, é definir quem mandará na usina. Durante os oito anos de Lula, Jorge Samek, presidiu a parte brasileira, indicado por Gleisi Hoffmann, presidente do partido. Roberto Requião, ex-governador e ex-senador do Paraná, migrou para o PT, perdeu a última eleição e cobra o cargo.
A disputa pelo controle de Itaipu, é acirrada e promete se arrastar, pelo menos até a definição do gabinete de Lula. Jorge Samek quer voltar, mas aceitaria de bom grado ser o ministro de Minas e Energia. Nessa equação, contará muito, ainda, a opinião da esposa de Lula, indicada por ele para um cargo na Itaipu
Itaipu também pode passar a ser controlada pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A. O Tratado de Itaipu, vence em agosto do próximo ano. Para o Brasil, a dívida com o Paraguai, pela construção da usina, estará paga. Para os paraguaios, não é bem assim e um impasse não está descartado.
Por outro lado, um impasse não interessa para os consumidores dos dois países que poderão pagar a conta final. No Paraguai, não há muito otimismo com a troca de governo no Brasil. Para que haja um acordo, o Brasil terá de concordar com os termos paraguaios, o que significará aumento na tarifa de energia elétrica no Brasil.
Além disso, qualquer acordo terá de passar pelos respectivos parlamentos e, no Brasil, as chances de ratificação de um acordo que implique em aumento para os contribuintes, é bastante improvável. Isso sem contar que Lula assumirá sem maioria no Congresso Nacional.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: Gazeta do Povo