Apesar dos apelos da Argentina, Brasil e Paraguai, o Uruguai insiste em aderir ao Tratado Transpacífico e a firmar acordos de livre comércio com China e Turquia. Ao MERCOSUL, resta decidir pela suspensão ou mesmo expulsão do Uruguai, o que cairia muito bem para Lacalle Pou
Nesta terça-feira, 6, concluiu-se, em Montevidéu, no Uruguai, a 61ª Cúpula de Chefes de Estado do MERCOSUL, evento que reuniu apenas três presidentes e que foi marcada, mais uma vez, pelos desencontros e divergências entre os parceiros.
O Brasil foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, e o ministro das Relações Exteriores, Carlos França. De concreto mesmo, apenas a transferência da presidência do bloco, do Uruguai para a Argentina, que mandará no MERCOSUL até julho de 2023, quando entregará o mando ao Brasil.
Apesar dos apelos, o Uruguai insiste em aderir ao Tratado Transpacífico (TPP), uma área de livre-comércio que envolve 11 países da Ásia, Oceania e Américas. Além disso, Montevideo seguirá negociando com China e Turquia, um Tratado de Livre Comércio, mesmo à margem dos sócios do MERCOSUL.
Argentina, Brasil e Paraguai, anunciaram a possibilidade de judicializar a questão, mas o máximo que podem fazer é expulsar o Uruguai do bloco, o que atenderia aos interesses daquele país, de ver-se livre das amarras impostas pelo MERCOSUL.
“Nós queremos estar abertos ao mundo. Lógico que, se vamos em bloco, vamos melhor. É isso que nós queremos, mas não estamos dispostos a ficar quietos, sem fazer nada. Não podemos falar de ruptura, mas de resolver tensões”, disse o presidente uruguaio Luís Lacalle Pou.
Alberto Fernández, que já marcou reunião para 24 de janeiro, defendeu que uma ação unilateral viola as normas internas do bloco. “Você diz que não quer ruptura, mas numa sociedade quando alguém não segue as regras, está rompendo com as normas. Se as regras precisam ser mudadas, vamos discutir, mas enquanto isso não aconteça, devemos respeitá-las”, afirmou.
Já o vice brasileiro, Hamilton Mourão, destacou a necessidade de construção de consensos e a preservação das trocas comerciais dentro do bloco. Ele chegou a destacar a atuação do governo brasileiro para ampliar acordos comerciais de forma conjunta. Já o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, focou nas assimetrias que, segundo ele, são muito desproporcionais em termos geográficos e tamanho de economia.
De acordo com o Itamaraty, o MERCOSUL ainda é considerado a principal iniciativa de integração regional da América Latina, respondendo por dois terços do território, população e Produto Interno Bruto (PIB) da região. As trocas entre os países do bloco somaram US$ 40,6 bilhões, em 2021. Já o intercâmbio comercial do MERCOSUL com os demais países, em 2021, foi de US$ 598 bilhões.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: H2FOZ