Esquerda ensaia golpe de Estado no Peru e fracassa vergonhosamente

por | dez 9, 2022 | 10h

No Brasil, a esquerda silencia ante o golpe de Estado de um de seus líderes. Para Aloizio Mercadante, a destituição de Pedro Castillo, o golpista que está preso, “é inaceitável”. Para o Foro de São Paulo o golpe era legítimo.

O agora ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, está preso. Ele tentou aplicar um golpe de Estado, dissolvendo o Congresso e anunciando um governo de exceção que governaria por decreto. Também anunciou um toque de recolher e mudanças em toda a estrutura política e judiciária do país. Sua aventura não durou 2h.

Em junho de 2021, ele venceu as eleições peruanas em segundo turno, sendo o candidato do partido socialista Peru Livre. O partido Peru Libre, se define como sendo uma sigla da esquerda marxista. Em 2020, depois que o líder do partido, Vladimir Cerrón, foi desclassificado e condenado a três anos e nove meses de prisão, Castillo anunciou a sua candidatura presidencial.

Até 2017, Castillo fez parte do partido Peru Possível, fundado pelo ex-presidente Alejandro Toledo, que está preso nos Estados Unidos. Toledo é um dos envolvidos no escândalo de corrupção envolvendo a Odebrecht, junto com outros dois ex-presidentes peruanos, Alan García e Pedro Pablo Kuczynski.

Pedro Castillo é, também, um ex-líder das chamadas “rondas camponesas”, organizações de defesa comunais, inspiradas nos Comitês de Defesa da Revolução, implantados em Cuba, a partir de 1959. Professor primário rural, com mestrado em psicologia educacional, ele ganhou notoriedade em 2017 ao liderar uma greve de professores em várias regiões do país que durou 75 dias.

Em apenas seis meses de gestão, ele teve de reformar o gabinete quatro vezes. Foram três as tentativas de derrubá-lo por meio de um impeachment. O golpe foi aplicado justamente quando o Congresso do Peru se preparava para abrir mais um expediente contra o presidente.

Ele também é acusado de corrupção. De acordo com o Ministério Público peruano, Castillo seria o chefe de uma organização criminosa supostamente “entrincheirada” no Estado para conceder licitações e concessões de obras públicas de maneira direcionada, como fizeram outros líderes antes dele.

No entanto, Castillo, mesmo com todo o apoio do Foro de São Paulo e dos governos e líderes de esquerda na América Latina e Europa, sucumbiu de maneira vergonhosa. Sem apoio popular e político, ele acreditou que as Forças Armadas o respaldariam.

Não poderia estar mais equivocado. Os militares peruanos, em uma demonstração de respeito à ordem Constitucional, optaram por defender o país e suas instituições. O Peru deu, nesta quarta-feira, 7, uma grande lição de respeito objetivo à democracia.

Envolto em uma crise política que já dura anos, o país viu uma tentativa de golpe de Estado terminar sem derramamento de sangue e com a posse de uma mulher na presidência da República, seguindo o que diz a Constituição do país.

No entanto, para o ex-senador Aloizio Mercadante, um dos líderes do Foro de São Paulo e potencial ministro a partir de janeiro, a destituição e prisão de Pedro Castillo, o golpista, “é inaceitável”. Essa é a leitura da esquerda brasileira.

Por Marcelo Rech

InfoRel

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