Com a esquerda no poder, Sahara Ocidental volta à pauta

por | dez 13, 2022 | 17h

Independência do Sahara Ocidental será retomada e contará com o apoio do futuro governo brasileiro. Atualmente, o Brasil mantém relações sólidas com o Marrocos, primeiro exportador mundial de extratos de fertilizante e primeiro produtor mundial de fosfato

O presidente eleito ainda não assumiu, mas a esquerda já trabalha para ressuscitar velhas pautas, como a discussão em torno do Sahara Ocidental, uma região que busca independizar-se do Marrocos. Na quarta, 14, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, discutirá o assunto, preparando o terreno para o lobby que virá a partir de janeiro.

Uma audiência pública será realizada a pedido do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que não se reelegeu. O parlamentar acredita que o fato de Brasil e Chile serem os dois únicos países da América do Sul que a não reconhecerem a República Árabe Saharaui Democrática (RASD), é um absurdo.

Conhecido como antigo Sahara Espanhol, o Sahara Ocidental está localizado no noroeste da costa do continente africano, com fronteiras entre o Marrocos, Mauritânia e Argélia. Esta seria a última colônia da África. Desde 1963, a independência do Sahara Ocidental é parte da agenda da União Africana.

O futuro governo brasileiro, reconhece a Frente Polisário, um movimento político-revolucionário em favor da autonomia do território do Sahara Ocidental, como o único e legítimo representante do povo saharaui, seguindo alguns dos princípios e normas da Carta das Nações Unidas. O atual governo, no entanto, tratou de fortalecer as relações com o Marrocos, país que tem contribuído muito com a exportação, para o Brasil, de fertilizantes.

Dito de outra forma, o Brasil mantém sua posição tradicional de apoio aos esforços com vistas a uma solução justa, pacífica, mutuamente aceitável, nos termos das resoluções pertinentes das Nações Unidas. Ou seja: o Brasil não quer meter-se em um tema que não lhe diz respeito e que não o afeta geopoliticamente

Orlando Silva afirmou que, “não bastasse a ocupação e o roubo de suas riquezas minerais e da pesca, o povo do Sahara Ocidental sofre constantes violações de direitos humanos nos territórios ocupados por parte das forças policiais do Reino do Marrocos”.

Em seu requerimento, o parlamentar assinala que “o povo saharaui, sob a liderança da Frente Polisário, ofereceu resistência armada desde o primeiro momento da ocupação e proclamou a República Saharaui, atualmente reconhecida por mais de 80 países e membro fundadora da organização regional União Africana. Porém, permanece carecendo de representação na ONU, onde é reconhecida como território pendente de descolonização e com direito a observador”.

Para o debate, foi convidado o representante da Frente Polisário no Brasil, Ahamed Mulayali Hamadi. A reunião deverá ter início às 15h30, no plenário 9.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: Monitor do Oriente