O que esperar do Itamaraty?

por | dez 13, 2022 | 17h

Mauro Vieira será o chanceler, mas quem dará as cartas será Celso Amorim, o onipresente assessor especial de Lula para os temas internacionais. Será ele a pessoa que definirá os rumos da Política Externa e as indicações para as principais embaixadas nos EUA, Argentina e Nações Unidas

Há uma grande expectativa não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, com a futura Política Externa que o Embaixador Mauro Vieira implementará a partir de 1º de janeiro. Ele retorna ao Itamaraty respaldado pelo ex-ministro Celso Amorim e como gesto de desagravo por ter sido enviado para a Croácia, pelo atual governo.

Em Brasília, algumas embaixadas já estão aguardando o fim do governo Bolsonaro, para dar as caras, escondidas durante quase quatro anos. Destaque para Cuba e Venezuela. Cuba espera contar, novamente, com o consentimento de Lula, para acessar os recursos econômicos que tanto fazem falta.

A Venezuela, por sua vez, espera pela retomada das relações diplomáticas do Brasil com o regime de Nicolás Maduro. Com a posse de Lula, a atual representante de Juan Guaidó, no país, Maria Teresa Belandria, corre o risco de ser expulsa.

O que não está nos planos da Venezuela é ter de pagar uma dívida que já supera os R$ 6 bilhões, com o Brasil. O calote foi dado e o Itamaraty terá pouca ou nenhuma força para cobrar. Vale destacar que Celso Amorim será o principal assessor internacional de Lula, não o ministro Vieira e ele não tem nenhuma preocupação com o tema.

Cuba deve cerca de R$ 4 bilhões e também deu calote. Após o calote tomado de Moçambique em 2017, o BNDES também não recebeu os US$ 2 bilhões devidos por Angola. É pouco provável que o futuro governo, por meio do Itamaraty, cobre essas faturas.

Outros como a Nicarágua, cuja embaixadora, Lorena Martínez, atuou nos bastidores a favor de Lula, também não têm dúvidas de que o Brasil voltará a abrir os cofres públicos. A presidente de Honduras, Xiomara Castro, disse publicamente que virá ao Brasil para a posse de Lula e para tratar de dinheiro para as obras no país.

Também não se sabe como o Brasil irá honrar uma dívida acumulada de quase R$ 5 bilhões com organismos internacionais. Mauro Vieira terá de repactuar esse passivo e ainda terá de correr atrás de grana para manter as embaixadas do país funcionando.

No Gabinete de Transição, sabem que o cobertor é curto, mas em vez de buscar solução para os problemas imediatos, um grupo trabalha para que o Brasil reabra embaixadas na África e no Caribe, inclusive em países onde não há nacionais morando nem empresas do país atuando.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: Jota