Transição publica relatório final sem Defesa e Inteligência

por | dez 22, 2022 | 14h

Nesta quinta-feira, 22, o relatório final do Gabinete de Transição, foi divulgado pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. São 100 páginas de um diagnóstico que apresenta um país quebrado, falido, na miséria, onde absolutamente nada funciona.

De acordo com Alckmin, mais de 5 mil pessoas participaram das discussões e análises de informações acerca do estado da administração pública. Destas, cerca de 900 seguem empregadas até 31 de dezembro e, deste total, a maioria terá cargo no futuro governo.

Chamou a atenção que os temas relacionados à Defesa e Inteligência, ficaram de fora. Não há qualquer menção às duas áreas. Tampouco se sabe se a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) permanecerá subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ou não.

Quanto à Defesa, Lula foi aconselhado a abandonar a ideia de fazer um diagnóstico da área e indicar rapidamente os futuros ministro e comandantes. O conselho teria sido justamente daquele que assumirá o Ministério da Defesa, José Múcio Monteiro.

Política Exterior

No caso da Política Exterior, o relatório final da Transição reforça que a área não foi poupada do que chama de “combinação entre o desmonte de políticas públicas, em nível interno, e o predomínio de visão isolacionista do mundo, no nível externo”.

De acordo com o documento, a Política Externa atual, “afetou a imagem do país e prejudicou a capacidade brasileira de influir sobre temas da agenda global”.

“Ao assumir posturas negacionistas, o Brasil perdeu protagonismo em temas ambientais, desafiou esforços de combate à pandemia e promoveu visão dos direitos humanos inconsistente com sua ordem jurídica. Na América Latina, tornou-se fator de instabilidade. A política africana foi abandonada e pouca atenção foi dada às comunidades brasileiras no exterior”, aponta o capítulo destinado ao tema.

Além disso, o grupo de trabalho responsável pela área, chamou a atenção para a falta de estímulo, por parte de Bolsonaro, dos processos de integração política, comercial e de infraestrutura com os países vizinhos, que “sempre foi uma marca da diplomacia brasileira, além de um preceito constitucional”.

“No governo Bolsonaro, predominou postura diametralmente oposta, que redundou no desmonte da UNASUL, na saída da CELAC e no crescimento de forças favoráveis ao desmantelamento do MERCOSUL enquanto união aduaneira”, diz o texto.

A transição denunciou, ainda, que “ao apostar no isolamento da Venezuela, o Brasil cometeu erro estratégico de transformar a América do Sul em palco da disputa geopolítica entre EUA, Rússia e China. De catalisador de processos de integração, o país passou a ser fator de instabilidade regional”.

Critica, também o suposto abandono do protagonismo do Brasil em agendas internacionais caras aos interesses de desenvolvimento nacional, como direito à saúde, direito à alimentação adequada, igualdade de gênero e racial, e enfrentamento a todas as formas de violência e de discriminação.

“A mudança no discurso diplomático e a participação desastrada em alianças ultraconservadoras caminharam de mãos dadas com o desmonte de políticas públicas domésticas, em especial no que se refere a igualdade de gênero, direitos sexuais e reprodutivos e direito de minorias”, lista o relatório.

Participaram de sua elaboração, o ex-ministros das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira e Celso Amorim; o diplomata Audo Faleiro, ex-braço-direito de Marco Aurélio Garcia, então assessor de Assuntos Internacionais; o ex-senador e ex-ministro da Educação, Cristovam Buarque; a ex-secretária de Relações Internacionais do PT e integrante da direção do Foro de São Paulo, Mônica Valente; o ex-secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Pedro Abramovay; e o atual secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira.