No Paraguai, as autoridades políticas asseguram que não há nenhum acordo com o Brasil sobre as tarifas da energia produzida por Itaipu. De acordo com o diretor paraguaio da binacional, Manuel María Cáceres, as negociações terão seguimento após a posse do novo governo no Brasil.
Cáceres, que foi embaixador do Paraguai no Brasil, lembrou que este ano se observou a mesma situação, quando o ano começou sem uma taxa pactuada entre os dois países. Apenas em agosto, foi acordado um tarifário de venda de energia e cobertas as despesas de compensação necessárias.
Ainda segundo ele, na ocasião, o Brasil concordou em reduzir a tarifa para US$ 18,95 kW/mês e o Paraguai em mantê-la em US$ 22,6 kW/mês. A tarifa acordada em agosto foi de US$ 20,75 kW/mês, o que levou o Brasil a pagar a diferença assim que o acordo fosse fechado.
Para a tarifa em 2023, o Brasil busca mais uma vez reduzir o valor, desta vez em cerca de 40%, enquanto que o Paraguai quer manter a tarifa de comercialização em US$ 20,75 kW/mês. Na prática, o país vizinho queria reajustá-la.
Por outro lado, o diretor paraguaio informou que foram estabelecidos todos os procedimentos provisórios para que Itaipu siga funcionando sem problemas e possa honrar os seus compromissos financeiros.
Ele acrescentou que a Itaipu fatura os dois países posteriormente, de modo que, para o mês de janeiro e fevereiro de 2023, serão cobrados e recebidos os pagamentos de energia de novembro e dezembro deste ano.
Brasil
Enquanto os paraguaios discutem os valores da tarifa, no Brasil, o futuro governo prioriza a distribuição de cargos. No caso de Itaipu, o ex-ministro do Planejamento, do governo Lula, e das Comunicações no governo Dilma, Paulo Bernardo, que chegou a ser preso por corrupção, quer presidir a binacional na parte brasileira. Ele é uma das 900 pessoas que integraram o Gabinete de Transição e que receberão salários por isso até 31 de dezembro.
Bernardo é, também, ex-marido da presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, que já foi diretora de Itaipu. Hoffmann prefere emplacar Jorge Samek, seu apadrinhado que presidiu a entidade entre 2003 e 2016. A briga pelo cargo é grande. O que menos importa, neste momento, é a gestão. Vale lembrar, ainda, que em 2023, os dois países precisam obrigatoriamente renegociar o Tratado de Itaipu que é de 1973.