O primeiro aniversário da guerra na Europa e o papel do Brasil

por | fev 8, 2023 | 18h

No dia 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia, dando início à uma guerra na Europa que se arrasta sem qualquer previsão de solução. Enquanto os líderes europeus patinam em torno de uma estratégia que ponha fim ao conflito, o Brasil vai se equilibrando.

Antes, com Jair Bolsonaro, que priorizou os fertilizantes russos em detrimento do respeito ao Direito Internacional. O ex-presidente preferiu não se meter no vespeiro, embora tenha dado o sinal verde para que, no Conselho de Segurança, o Brasil condenasse a invasão russa.

À época da campanha, Lula disse que resolveria o problema, numa mesa de bar, tomando uma cervejinha. Agora, no poder, envia mensagens confusas a respeito da posição brasileira. Ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, Lula disse que “quando um não quer, dois não brigam”. Não foi o caso. Um país soberano foi invadido por uma força estrangeira.

Na quinta, 9, Lula embarca para os EUA para ver-se com Joe Biden. Entre os temas que irá tratar, está, justamente, a guerra na Europa e o apoio que o Brasil pode (para Washington, deve) oferecer à Ucrânia. Lula já rejeitou as pressões de Scholz, para enviar armas a Zelenski.

No Salão Oval e tratado como “o cara”, será mais difícil resistir aos apelos de Biden. Além disso, Lula quer muito que os EUA abram o seu mercado para os produtos de defesa brasileiros, mas o Pentágono tem um sistema de compras públicas bem peculiar, para dizer o mínimo.

Uma das condições, por exemplo, para que o Brasil possa ver-se beneficiado com a compra de produtos militares por Washington, passa justamente pelo apoio que o país está disposto a oferecer para a Ucrânia. Os EUA mandam milhões de dólares em equipamentos para aquele país e querem que seus aliados façam o mesmo.

Lula terá, portanto, que decidir se o Brasil será um aliado dos EUA, uma vez que essa condição passa, obrigatoriamente, pelas exigências determinadas pela Casa Branca. Neste contexto, terá de avaliar bem, como recompor as relações com Rússia e China, seus parceiros de BRICS.

Sim, recompor. Não será possível, por mais que o presidente assim o deseje, agradar a todos. O cenário internacional de hoje, é completamente diferente daquele que Lula encontrou em 2003. Mesmo detestando isso, ele terá de tomar uma posição.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: Folha – UOL