Até 2035, a China será responsável por 25% das trocas comerciais realizadas pelos países latino-americanos, segundo relatório do Canning House, de Londres. Isso significa um volume de US$ 700 bilhões, o dobro do alcançado em 2020.
De acordo com o documento “A América Latina em um clima geopolítico em mudança: Relações com Rússia e China”, países como Argentina, Brasil, Chile, Peru ou Uruguai já têm a China como principal parceiro comercial. Além do comércio, empresas chinesas têm investido na América Latina nos últimos anos mais de US$ 160 bilhões.
Simultaneamente, o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) e o Banco de Exportações e Importações da China (ExImBank) realizaram empréstimos aos países da região, no valor de US$ 136 bilhões. Os números mostram que não será nada fácil para os EUA desbancar a China ou frear sus ímpetos em seu quintal.
No dia 15, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, presidiu a reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN).
Na oportunidade, ele afirmou: “Temos US$ 150 bilhões de comércio bilateral e nossa meta é aumentar esse comércio e diversificá-lo. Temos US$ 28 bilhões de superávit para o Brasil, isso pode crescer, e US$ 70 bilhões de investimento da China no Brasil”, ressaltou. Além do comércio, as empresas chinesas têm investidos na América Latina nos últimos anos mais de US$ 160 bilhões.
Uma das razões pelas quais as relações econômicas e comerciais entre China e América Latina continuam em ascensão é a política não intervencionista do gigante asiático nos assuntos de política interna dos países quando se trata de fortalecer os laços com eles.
O documento britânico assinala que China “é um parceiro mais fácil para os líderes latino-americanos que recebem críticas dos EUA em questões como direitos humanos e corrupção”. O interesse da China e da América Latina em continuar avançando na aproximação os laços econômicos e comerciais são mútuos, diagnostica o relatório.
O documento revela, ainda, que a China procurará garantir o abastecimento de matérias-primas como lítio ou cobalto. Por outro, os países da região precisam garantir a fluxos comerciais e investimentos para seus territórios. Por isso, para a Canning House, os avisos sobre a riscos de aprofundar relações comerciais com a China terão “pouco efeito” nos países latino-americanos.
Fica o recado para Washington.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: Conexão Aduanas