A Alemanha e sua aula de realidade nas Relações Internacionais

por | fev 28, 2023 | 9h

Na semana passada, o governo alemão, por meio do Federal Office for Economic Affairs and Export Control embargou a venda, pelo Brasil, de 28 viaturas blindadas Guarani, para o Exército das Filipinas. A decisão veio depois que Lula rejeitou as pressões para enviar munições à Ucrânia.

O presidente brasileiro que afirmou, mais de uma vez, que resolveria o conflito em uma mesa de bar, tomando cerveja, recebeu, em janeiro, o chanceler alemão Olaf Scholz. Cobrado sobre a posição do Brasil em relação à guerra no Leste Europeu, Lula afirmou que o país não se envolveria.

Ele também descartou enviar munições para Kiev, como querem a Europa e os EUA. Improvisando, ele defendeu a formação de um grupo de países neutros, para negociar a paz. O discurso foi repetido em Washington, mas não agradou a ninguém.

Inclusive, nos EUA, Lula, ao lado de Joe Biden, responsabilizou unicamente a Rússia de Vladimir Putin, pela guerra. Antes, na campanha, havia responsabilizado todo mundo, incluindo a Ucrânia. Agora, ele quer distância do conflito para não ficar maus com ninguém.

O Federal Office for Economic Affairs and Export Control é o órgão responsável pelas exportações na Alemanha. Mas, que diabos o Guarani tem com isso? Bom, o sistema de transmissão do blindado, ZF Ecomat 6HP602, é fabricado justamente pelos alemães, estando, por tanto, sujeitos às normas de exportação daquele país.

As Filipinas haviam encomendado, inicialmente, 28 viaturas por US$ 46 milhões, mas com a intenção de ampliar para 114 o número de unidades. Com o embargo, as negociações com a Argentina e a Malásia, também interessadas na aquisição do veículo, correm sérios riscos.

Lula terá, portanto, que tomar uma posição a respeito do conflito, caso queira sentar-se à mesa das grandes decisões. Ele terá, também, que avaliar os prós e os contras embutidos na equação, pois a Rússia, tampouco vai continuar mandando fertilizantes para um país que a condena e a responsabiliza pela guerra.

Ah, a Alemanha já pensa em ampliar o tamanho do prejuízo para o Brasil, embargando a construção das Fragatas Classe Tamandaré, da Marinha. Definitivamente, guerra não se resolve em mesa de bar e muito menos com improvisos não combinados.

Por Marcelo Rech

InfoRel

Imagem: Sputnik