A eleição de Lula foi arrotada pela elite intelectual latino-americana, como a redenção de uma nação emergente que havia sido excluída da mesa das grandes decisões, por conta de um presidente estúpido e tosco. Lula mesmo anunciou o retorno, em grande estilo, do Brasil à cena mundial.
No entanto, a Política Externa atual é a mais próxima que tivemos de um autêntico pária. Uma diplomacia que se associa com o que há de pior na política, que bajula para sentar-se à margem das decisões e que flerta com um e com outro, evitando tomar posição.
É, por tanto, uma Política Externa também covarde, pois pretende dar-se bem com todo mundo, o que é absolutamente impossível. O Brasil, para ser levado à sério, terá de fazer opções e terá de dizer, de forma clara, de que lado da história pretende estar.
Na sexta-feira, 3, o Brasil que quer ser ouvido pelos grandes, calou no Conselho de Direitos Humanos da ONU e votou contra uma resolução que pretendia enquadrar o ditador esquerdista da Nicarágua, Daniel Ortega, por quem Lula já se derramou em elogios diversas vezes.
Até o Chile e a Colômbia, países governados pela esquerda, votaram contra Ortega, assim como EUA, Austrália, Canadá, Alemanha, França, Peru, Guatemala, Paraguai e Equador. No total, 55 países condenaram o regime sandinista.
Importante ressaltar que a declaração contra o regime nicaraguense, veio após a divulgação de um informe de peritos da ONU, que estiveram naquele país. Em um dos trechos do documento, eles reconhecem que “violações generalizadas dos direitos humanos que equivalem a crimes contra a humanidade estão sendo cometidas contra civis pelo governo da Nicarágua por razões políticas”.
Ao parecer, para o Brasil de Lula, Celso Amorim, o cara que manda na diplomacia, e Mauro Vieira, o segundo na hierarquia, a ONU mente. Assim como a realidade mente quando o assunto são as graves violações cometidas pelos amigos de Lula, Díaz-Canel, de Cuba, e Nicolás Maduro, da Venezuela.
“Os supostos abusos – que incluem execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura, privação arbitrária da nacionalidade e do direito de permanecer no próprio país – não são um fenômeno isolado, mas o produto do desmantelamento deliberado das instituições democráticas e da destruição do espaço cívico e democrático”, afirmam os peritos das Nações Unidas.
Durante a campanha, a amizade entre Daniel Ortega e Lula, foi habilmente escondida pelo PT. Agora, é a comunidade internacional que tanto babou a eleição de Lula, que cobra um posicionamento firme na defesa da democracia. Parece que Lula só defende a democracia quando é para nivelar, por baixo, os seus adversários.
Por Marcelo Rech
InfoRel
Imagem: Partido dos Trabalhadores