Cabo Verde, um pequeno país insular, na costa da África, assumiu, nesta terça-feira, 18, a presidência da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas), mecanismo que voltou a se reunir nos últimos dois dias, em Mindelo, naquele país. A Zopacas não realizava uma reunião ministerial desde 2013, quando os chanceleres se encontraram em Montevideo, no Uruguai.
Dos 24 países que integram o bloco, 17 participaram das discussões e a ausência mais sentida foi a da África do Sul. Ao final do encontro, foram aprovadas a Declaração de Mindelo e seu principal anexo, o Plano de Ação de Mindelo. O chefe da delegação brasileira foi o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Representando o Ministério da Defesa, participou o Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante José Augusto Vieira da Cunha de Menezes.
Na abertura do evento, o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, defendeu o reforço dos compromissos com o combate à criminalidade transnacional, à pesca ilegal, ao terrorismo e ao cibercrime na zona marítima que vai da América Latina ao Golfo da Guiné.
“Devemos debruçarmos sobre os desafios da segurança num conceito abrangente e interativo: segurança de pessoas e bens, segurança alimentar, segurança sanitária, segurança ambiental e climática, segurança face ao crime organizado e à corrupção. Na vasta zona marítima que vem da América Latina ao Golfo da Guiné e que integra vários países da Zopacas, devemos reforçar os compromissos com o combate à criminalidade organizada transnacional – tráfico de droga, tráfico de pessoas, pirataria – à pesca ilegal, ao terrorismo e ao cibercrime”, explicou.
Fazendo coro às ambições do Brasil, ele também recordou que questões como a reforma do Conselho de Segurança da ONU, a paz, a segurança marítima cooperativa e a defesa, as mudanças climáticas e a proteção dos oceanos e da biodiversidade estão sobre a mesa, carecendo de resoluções objetivas.
Brasil
Em sua primeira viagem à África na atual gestão, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, destacou a importância de se resgatar a Zopacas e aprofundar a cooperação entre os dois lados do Atlântico. “O Atlântico Sul é vital para todas as nossas sociedades, e manter seu caráter pacífico deve ser nossa prioridade estratégica de primeira ordem. Para isso, precisamos ter a capacidade de patrulhá-lo e defendê-lo”, afirmou.
Segundo ele, a Marinha do Brasil está comprometida com este propósito. “É nesse marco que se inserem os esforços de décadas do Estado brasileiro para desenvolver submarinos convencionais a propulsão nuclear, cujo êxito começa a se afigurar no horizonte. Tais meios navais têm caráter estritamente defensivo e dissuasório e são plenamente compatíveis com o objetivo fundamental da Zopacas, que é o de manter o Atlântico Sul como uma zona livre de armas nucleares”, assinalou.
Mauro Vieira também propôs a realização da IX Reunião Ministerial no Brasil, em 2026, no marco dos 40 anos da iniciativa.