Diplomacia europeia questiona coerência de Lula sobre guerra

por | abr 18, 2023 | 17h

O chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, em discurso no Parlamento Europeu, questionou a coerência do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito da guerra na Europa. Alto representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, ele criticou aqueles que alimentam uma posição complacente com a Rússia, “o (país) agressor”.

Para Borrell, o líder chinês, Xi Jinping, também acredita que Vladimir Putin tem razão. “Ele acha que Putin tem razões, que partilha. Com ele [Putin] e com muitos dos seus visitantes, como o presidente Lula, que esteve recentemente em Pequim e cultivou a mesma ambiguidade estratégica que a China”, afirmou.

Na sua avaliação, é um erro enorme não fazer distinção entre agressor e agredido. Borrel discursou na abertura de um evento sobre “a necessidade de uma estratégia coerente para as relações UE-China”. O próprio chanceler da UE, deveria ter desembarcado em Pequim na semana passada, mas teve de cancelar a viagem por conta do Covid-19.

Ainda assim, assegurou que a posição do bloco, “é clara” e sem ambiguidades”. Segundo ele, “a China deve usar a sua influência junto à Rússia para convencer Moscou a pôr fim a uma agressão que viola todas as regras internacionais. Qualquer neutralidade que não faça uma distinção entre o agressor e o agredido é posicionar-se do lado do agressor”, cravou.

No sábado, Lula defendeu, após visita à China, que os EUA não devem “encorajar a guerra” na Ucrânia e a UE deve “começar a falar de paz” e deixar de fornecer armas, “que encorajam a guerra”. As declarações do presidente brasileiro foram amplamente criticadas, inclusive em Portugal, onde ele estará na próxima semana.

Na segunda-feira, 17, a Comissão Europeia também rejeitou as acusações feitas por Lula. “Não é verdade que os EUA e a UE estejam ajudando a prolongar o conflito. A verdade é que a Ucrânia é a vítima de uma agressão ilegal, uma violação da Carta das Nações Unidas”, afirmou o porta-voz para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, da União Europeia, Peter Stano.

EUA

Nos EUA, o arrependimento pelo apoio da Casa Branca à eleição de Lula, também são visíveis. Primeiro, Washington usou de todas as ferramentas para impedir que Lula visitasse a China. Depois, trabalhou para que a mesma não produzisse resultados.

Até mesmo a Embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Begley, chamou a atenção dos políticos brasileiros para o fato de a China não ser um país confiável. Ela lamentou a decisão de Lula de visitar o país asiático. “Neste caso específico, o Brasil está repetindo a propaganda russa e chinesa, sem ter em conta os fatos”, afirmou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, órgão diretamente ligado ao presidente norte-americano. Irritou, ainda mais os EUA, a declaração de Lula na defesa de uma só China, considerando Taiwan como parte do território continental.