O presidente da República já deu meia volta ao mundo em apenas quatro meses de governo, mas os resultados tangíveis dessa maratona cara e carregada de militantes, não são nada positivos. O presidente Lula é vítima de sua própria retórica, tentando impor a difícil arte de tentar agradar todo mundo, como forma de sustentar uma antiga ambição: ser reconhecido como o melhor líder político do mundo.
Talvez, na política doméstica, isso seja possível, afinal ele tem cargos e dinheiro público em troca de bajulação. Na política internacional, não é bem assim. As coisas são bem mais complexas. O Brasil que está de volta, como prega a publicidade oficial, não é o Brasil potência, mas o Brasil que acredita na omissão como instrumento de política externa.
Para sentar-se à mesa dos grandes, é preciso tomar posição. Não dá para ficar em cima do muro achando que os demais são idiotas. Se Lula acredita que é mais importante estar ao lado da China, principal parceiro comercial do país, muito bem. É legítimo e defensável. Só não dá para estar com a China e com os EUA ao mesmo tempo.
É fato que os EUA, juntos com a OTAN e os fracos líderes europeus, têm culpa pela guerra na Europa. Nisso, o presidente está corretíssimo. Poderia ir além, dizendo o que todo mundo sabe, que os EUA estão lavando a burra com a venda de armas para a Ucrânia e os países próximos da Rússia.
Não interessa para os EUA e a sua indústria militar, que banca o hóspede da Casa Branca, que a guerra termine. No entanto, dizer que a Ucrânia também é culpada, beira o ridículo. Em que pese toda a corrupção e o fato de o líder ucraniano não ser nenhum santo, o país foi invadido, teve sua soberania violada, não importa o pretexto.
Imagine a Amazônia sendo tomada por uma potência e o presidente da República deixando por isso mesmo, em nome da paz. Aceitável? Razoável? A defesa que Lula faz dessa “estratégia” como fundamental para se alcançar a paz, chega a ser triste. Mais triste ainda é que há muitos que se emocionam com essa pataquada.