No dia 14 de maio, serão realizadas eleições gerais na Turquia, país que, com o Brasil, costurou um acordo nuclear com o Irã, em 2010, sabotado pelos EUA. De acordo com analistas turcos, essa é a grande oportunidade para a oposição livrar-se do presidente Recep Tayyip Erdogan, no poder há 20 anos.
Como presidente, Erdogan governa há 9 anos. Ele foi, também, primeiro-ministro por outros 11. Todos esses anos, deram ao líder turco, uma força política que desagrada não apenas a oposição daquele país. A Europa e os EUA, também querem desvencilhar-se desse incômodo.
E o Brasil, o que tem a ver com isso? Bom, como lembrado, o Brasil, em 2010, conseguiu, com o apoio decisivo da Turquia de Erdogan, um acordo com o Irã em torno do seu programa nuclear. Vale lembrar que Washington só “permitiu” o diálogo porque não acreditava que o acordo sairia.
Há época, Barack Obama e Hilary Clinton, bajulavam a dupla Lula-Celso Amorim, dando corda para que eles acreditassem na palavra da Casa Branca. Não demorou muito para a farsa se revelar. O Brasil e a Turquia, ficaram vendidos mesmo com o êxito nas negociações.
Desde então, Brasil e Turquia têm se fortalecido como atores internacionais. No plano bilateral, não é diferente. Os dois países fortaleceram as suas relações em todas as áreas. Em abril do ano passado, Brasil e Turquia anunciaram um plano para elevar o comércio para US$ 10 bilhões anuais.
No entanto, a Turquia é um país estratégico para a ordem internacional, situado no cruzamento entre os Balcãs, Cáucaso, Oriente Médio e o Mediterrâneo. Para os EUA e a Europa, essa característica é suficiente para impedir que os turcos decidam por si, seu futuro.
Para o Brasil, conta, ainda, o fato de a Turquia estar entre os maiores países em termos territoriais e populacionais na região, com área superior a qualquer estado europeu. Um excelente mercado consumidor. Não por acaso, Erdogan incomoda. Não por acaso, os EUA trabalham para expulsá-lo do poder, financiando ações “democráticas” naquele país.
Interessa para a Casa Branca, empossar um novo “Zelensky” na Turquia, o candidato oposicionista Kemal Kilicdaroglu. E uma das formas de demonizar Erdogan, por exemplo, é sustentar que a Turquia busca para os curdos, uma solução copiada do nazismo, da chamada “questão judaica”. O tema é delicado e ultrassensível, mas pouco importa. Quando os EUA decidem, a incitação ao ódio religioso e étnico, é uma arma absolutamente legítima.
É o caso da queima de exemplares do Alcorão na Europa, com o estímulo daqueles que pregam a tolerância. Por trás dessas ações, está a posição da Turquia quanto ao ingresso da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Para pressionar, os EUA e seus aliados se valem dos curdos e suas misérias, da religião sagrada dos mulçumanos e, seguramente, das relações que a Turquia pode ter com países como o Brasil. Vale qualquer coisa para desalojar alguém que pense diferente. O resultado das eleições de maio, não definirão apenas quem serão os próximos líderes políticos na Turquia, mas o grau de independência e autonomia que o país terá para tomar suas próprias decisões domésticas, regionais e internacionais.