No sábado, 15, a capital do Sudão, Cartum, despertou violentamente com uma saraivada de tiros que anunciavam mais um golpe de Estado na história desse grande, mas frágil país africano. O Sudão é o terceiro mais extenso do continente africano e encontra-se situado nas regiões do Sahel e do Chifre da África, ambas extremamente pobres e problemáticas.
Com quase 40 milhões de habitantes e maciçamente muçulmano, o Sudão perdeu 30% do seu território, em 2011, com a independência do Sudão do Sul. Antes, a situação já era instável. Depois da separação, o país mergulhou na crise que é política e econômica.
Os eventos do dia 15, eram, portanto, mais que esperados. Segundo diplomatas estrangeiros que acompanham a situação, não se pode falar em surpresa. Todo mundo teve tempo para planejar e evacuar os seus nacionais, algo que, por outro lado, ninguém fez, incluindo o Brasil.
Já no dia 16, um grupo de 12 brasileiros, jogadores de futebol, isolados em um hotel da capital, apelaram por apoio do Brasil. Segundo eles, em contato com a Embaixada brasileira, foram informados que o Embaixador Rubem Guimarães Coan Fabro Amaral, encontrava-se na Arábia Saudita.
Na quarta-feira, 19, deputados da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, cobraram uma ação mais eficaz por parte do Itamaraty. A deputada Carla Zambelli (PL-SP), registrou o recebimento de uma lacônica carta do MRE, “eivada de gerúndios”, que não explicava nada.
Em um ônibus fretado pela equipe de futebol Al-Merreikh, o grupo conseguiu deixar o Sudão nesta segunda-feira, 24, em direção ao Egito. Os brasileiros reafirmaram as críticas à diplomacia brasileira que, ainda de acordo com eles, não teria feito absolutamente nada para ajudá-los.
O Itamaraty, em nota emitida no dia 21, assegurou que estava em contato com os 21 brasileiros que se encontram no Sudão e com seus familiares no Brasil. “O governo brasileiro tem mantido coordenação com outros países que também têm cidadãos em território sudanês sobre ações coordenadas de evacuação, a serem implementadas tão logo as condições de segurança permitam”, informou o MRE.
No entanto, nenhuma reunião foi realizada no Brasil, para tratar do assunto. No Ministério da Defesa e no Comando da Aeronáutica, garantem que não houve qualquer discussão sobre um possível voo de resgate dos brasileiros que ainda se encontram no Sudão.