Nesta terça-feira, 2, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o relacionamento com os países africanos de Língua Portuguesa voltará a ser prioridade para o Brasil. A declaração foi feita ao lado do primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva. Para o presidente brasileiro, a decisão marca o retorno do Brasil à política de cooperação sul-sul, entre os países em desenvolvimento.
Segundo ele, “o Brasil aposta na África não só porque tem uma dívida histórica com esse continente irmão, mas também porque vemos na África um futuro extraordinário com seu 1,2 milhão de habitantes e seu imenso e rico território”, afirmou.
Em abril, Cabo Verde assumiu a presidência da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) e em julho, Lula deverá comparecer à cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em São Tomé e Príncipe. Lula também irá à África do Sul para a reunião do BRICS, em agosto. Nos dois mandatos anteriores, o presidente visitou a África em 12 oportunidades e esteve em 21 dos 53 países do continente.
Nesta quarta-feira, 3, o primeiro-ministro Correia e Silva participará do maior evento de tecnologia do mundo, o Web Summit. Para Lula, a experiência permitirá a identificação de novas áreas de cooperação a serem exploradas em setores de ponta. “A economia digital e as chamadas startups têm enorme potencial de transformação de nossa economia de geração de emprego e renda nas cidades e no campo”, destacou o presidente.
Brasil e Cabo Verde estabeleceram relações diplomáticas em 1975 e desde a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica, em 1977, o país africano tem sido beneficiado por projetos desenvolvidos em parceria com instituições brasileiras, em áreas como saúde, educação, agropecuária e agências reguladoras.
Uma das prioridades para os dois países é a educação. No encontro realizado no Palácio do Itamaraty, Lula destacou as parcerias com Cabo Verde que tem aproveitado as oportunidades oferecidas pelos programas de graduação e pós-graduação e enviado anualmente centenas de estudantes ao Brasil. Diplomatas e militares também têm frequentado tradicionalmente cursos de formação no Brasil, que contribuiu para a criação da Universidade de Cabo Verde, em 2004. Outro ponto assinalado pelo presidente brasileiro, diz respeito a mitigação dos impactos das mudanças climáticas em Cabo Verde, país que é formado por um arquipélago de dez ilhas. “Os efeitos da mudança do clima representam ameaças a todos e seus impactos são particularmente perversos nos pequenos estados insulares”, explicou.