No dia 27 de abril, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), do Senado Federal, aprovou o texto do acordo de cooperação entre Brasil e Marrocos em matéria de defesa assinado em 2019, com ênfase nas áreas de pesquisa e desenvolvimento e apoio logístico, além de ter potencial no fomento da aquisição de produtos e serviços de Defesa.
Outra prioridade para Brasil e Marrocos, é a busca pelo compartilhamento de conhecimentos e experiências adquiridas em operações das Forças Armadas de ambos os países, incluindo as áreas de ciência e tecnologia.
Neste sentido, o acordo prevê a participação de militares dos dois países em cursos teóricos e práticos, eventos culturais e esportivos, assistência humanitária mútua e treinamento militar. Quando o acordo foi assinado em 2019, os dois países também selaram sete acordos que abrangem diversas áreas que vão do investimento à defesa, passando pela assistência jurídica mútua e prevenção da bitributação nos transportes marítimos e aéreos.
Um desses acordos, o de cooperação e facilitação de investimentos, está pendente de votação pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados. No ano passado, a CREDN aprovou outros dois acordos entre Brasil e Marrocos.
Transferência de tecnologia
Brasil e Marrocos também chegaram a um acordo de transferência de tecnologia no campo da mobilidade elétrica. O Green Energy Park, centro de investigação e formação em energia solar com sede em Benguerir, e o INESC P&D Brasil, rede científica e tecnológica, assinaram o acordo que tem como objetivo estabelecer em todo o país uma estrutura preparada para carregar automóveis. Multiplicando o número de postos de carregamento elétrico, fica mais fácil para os marroquinos apostarem na compra de carros elétricos.
Além disso, o país africano é um grande fornecedor de fertilizantes, essenciais para a agricultura brasileira. Por sua vez, o país sul-americano comercializa produtos agrícolas como o açúcar. O Marrocos foi o terceiro maior fornecedor de fertilizantes para o Brasil em 2021, representando 10,5% do total importado pelo país sul-americano, um dos principais produtores de alimentos do planeta.
Em 2021, as exportações do Marrocos para o Brasil bateram recorde desde o início da série estatística em 2016. Foram exportados produtos que somaram mais de US$ 1,9 bilhão para o Brasil em 2021, um aumento de 70,29% em relação a 2020 (US$ 1.1 bilhão) e 98,29% face a 2019 (mais de US$ 967 milhões).
No ano passado, o Marrocos foi o segundo maior exportador árabe para o Brasil, depois da Arábia Saudita.
Diversificação
Na prática, o Marrocos está diversificando seus parceiros na cooperação militar. Em 2022, o país fechou uma importante parceria com os EUA na luta contra o terrorismo e para o treinamento conjunto das Forças Armadas, como as manobras militares do “Leão Africano”.
As manobras estão programadas de 22 de maio a 16 de junho de 2023 nas regiões de Agadir, Tan-Tan, Mehbes, Tiznit, Kenitra, Benguerir e Tifnit. Da mesma forma, o Marrocos importa a maior parte de suas armas, dos EUA, França e China. Os gastos militares do Marrocos chegaram a US$ 5 bilhões no ano passado, de acordo com um relatório do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI).
Após selar a paz com Israel, as exportações de material militar israelense aumentaram 30%, em parte devido a novas compras por parte do Marrocos. Outro dos grandes fornecedores do reino em termos de segurança é a Turquia.
O Marrocos conta com sete navios de ataque rápido conhecidos como FACs e uma corveta para o estaleiro turco Gölcük em 2023. Esses primeiros são modelos novos, mais atualizados e aprimorados dos navios da classe Kilic II. Pelo que se sabe, Marrocos terá uma frota igual em tamanho e capacidade aos navios que a Marinha turca possui.
Os dados confirmam que o Marrocos é, hoje, uma das principais potências da África em matéria de defesa e segurança devido aos investimentos em material bélico e formação militar graças à multiplicidade dos seus parceiros.