Ditador da Venezuela desembarca no Brasil para cúpula da UNASUL

por | maio 29, 2023 | 10h

Neste domingo, 28, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, desembarcou na Base Aérea de Brasília, para reunir-se, na segunda, 29, com o presidente Lula e participar, no dia 30, da cúpula de relançamento da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL).

Maduro chegou acompanhado da esposa e foi recepcionado pela Embaixadora Gisela Padovan, Secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores. Os militares brasileiros também prestaram continência ao ditador venezuelano.

Em nota, o MRE informou que “os dois mandatários deverão manter reunião de trabalho com vistas a repassar os avanços no processo de normalização das relações bilaterais, iniciado em 1º de janeiro último, incluindo a reabertura das respectivas embaixadas e setores consulares e a recente designação do Embaixador da Venezuela no Brasil. Será ocasião, também, para que os presidentes conversem a respeito dos processos de diálogo interno na Venezuela, com vistas à realização das eleições de 2024”.

No entanto, Maduro ainda não confirmou a realização das eleições gerais no país. Ele controla o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e ninguém ali sabe se serão realizadas eleições no ano que vem, muito menos quem serão os candidatos autorizados, pelo regime, que participarão do pleito.

Lula e Maduro deverão, ainda, dar andamento ao diálogo de cooperação iniciado na semana passada pelo Embaixador Ruy Carlos Pereira, diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Itamaraty. Pereira foi o último Embaixador do Brasil em Caracas e foi considerado persona no grata por Maduro.

Não consta da agenda que Lula e Maduro irão tratar da dívida de quase R$ 1 bilhão que a Venezuela tem com o Brasil. Também não há menção à Operação Acolhida que recebe, diariamente, cerca de 500 venezuelanos no estado de Roraima. “Atenção especial será atribuída aos temas fronteiriços, com destaque para a proteção das populações que residem nessa faixa, entre elas os povos Yanomami”, diz a nota do MRE.

Recompensa

Desde 2020, o governo dos EUA oferece US$ 15 milhões de recompensa pela prisão de Nicolás Maduro. Em tese, ele poderia ser detido no Brasil pela Interpol, mas isso não deverá acontecer. O ditador só viajou depois de obter todas as garantias, por parte do governo brasileiro, de que retornaria à Venezuela.

Segundo o governo dos EUA, “Maduro ajudou a administrar e, finalmente, liderar o Cartel dos Sóis, uma organização venezuelana de tráfico de drogas composta por altos funcionários venezuelanos, ao ganhar poder na Venezuela em uma conspiração corrupta e violenta de narcoterrorismo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), uma organização terrorista estrangeira designada”.

O ditador é acusado de negociar carregamentos de várias toneladas de cocaína produzida pelas FARC, instruir o Cartel dos Sóis a fornecer armas de nível militar às FARC, facilitar o tráfico de drogas em larga escala, e solicitar assistência da liderança das FARC no treinamento de um grupo de milícia não autorizado que funcionava, em essência, como uma unidade das forças armadas para o Cartel dos Sóis. “O Departamento de Estado dos EUA está oferecendo uma RECOMPENSA DE ATÉ US$ 15 MILHÕES por informações que levem à prisão e/ou condenação de Nicolás Maduro Moros. Se você tiver informações e estiver localizado fora dos EUA, entre em contato com a Embaixada ou Consulado dos EUA mais próximo. Se estiver nos Estados Unidos, entre em contato com o escritório local da Drug Enforcement Administration (DEA) em sua cidade”, diz o anúncio norte-americano.