A presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, assegurou, nesta segunda-feira, 12, que o Tratado de Livre Comércio MERCOSUL – União Europeia, cujas negociações foram fechadas em 2019, sairá do papel em breve. À exemplo de outras autoridades do Velho Continente, ela não precisou prazo.
Na prática, a ratificação do acordo não é a prioridade para a Europa, neste momento. O que von der Leyen quer e que outros emissários do bloco, também ambicionam, é relançar as relações entre a UE e a América Latina, de olho nos minerais raros da região e em frear o fortalecimento econômico e político da China.
No entanto, o otimismo de von der Leyen contrasta com o pessimismo do ministro de Comércio Exterior da França, Olivier Becht, para quem o acordo não sai. “Tenho a impressão de que existe, tanto por parte da UE quanto dos países do MERCOSUL, a ideia de levar o seu tempo para poder encontrar o que é conveniente para todas as partes”, afirmou.
Becht lembrou “as exigências da França sobre a integração do Acordo de Paris como cláusula essencial, sobre as regras de desmatamento, respeito pelas cláusulas espelho dos regulamentos franceses de saúde e meio ambiente”. O Brasil considera a exigência adicional, um exagero.
No encontro com a chefe da UE, Lula subiu o tom. “Não podemos concordar com punições impostas na área do meio ambiente. Temos uma parceria estratégica com a União Europeia. Não pode haver imposições e punições, mas sim negociação”, defendeu.
A França é um dos principais obstáculos à ratificação do acordo. O país teme a força do agronegócio brasileiro e não cogita derrubar os subsídios ao setor. “Este acordo deve ir muito além do comércio. Deve representar um engajamento de longo prazo e uma plataforma para o diálogo contínuo”, ressaltou a chefe da UE, que prometeu apoio do bloco ao Fundo Amazônia, de US$ 20 milhões, valor considerado irrisório pelo governo brasileiro.
Ursula von der Leyen também esteve na Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde afirmou que a parceria entre o Brasil e a UE nunca esteve tão forte e que este é o momento para dar impulso.
“Eu vim ao Brasil logo na minha primeira escala na América Latina. Nossas regiões têm laços fortes. Mas não temos tirado todo o proveito desse potencial. Juntos, devemos combinar nossas forças para defender interesses comuns e encontrar soluções para enfrentar os desafios comuns”, assinalou.
Giro
Nesta terça-feira, 13, ela se reuniu com Alberto Fernández, e participou do Fórum Empresarial UE-Argentina. Na quarta-feira, 14, em Santiago, além do encontro com o presidente chileno, ela visitará a Comberplast, empresa chilena dedicada à reciclagem de plástico.
Na quinta-feira, 15, von der Leyen estará na Cidade do México, onde se encontrará com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. Coincidentemente, o giro da alemã pela região incluiu apenas países governados pela esquerda.
O giro pela região antecede a Cúpula UE-CELAC, que será realizada em Bruxelas, nos dias 17 e 18 de julho.