Brasil assume o MERCOSUL e sobe o tom contra a União Europeia

por | jul 4, 2023 | 16h

O Brasil assumiu, nesta terça-feira, 4, em Puerto Iguazú, Argentina, a presidência semestral do MERCOSUL, oportunidade em que o presidente Lula aproveitou para subir o tom contra a União Europeia. Para ele, o Tratado de Livre Comércio fechado em 2019 pelos dois blocos e pendente de ratificação, deve ser necessariamente equilibrado.

Segundo ele, “o Instrumento Adicional apresentado pela União Europeia em março deste ano é inaceitável. Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções. É imperativo que o MERCOSUL apresente uma resposta rápida e contundente”, afirmou.

No entanto, o encontro terminou sem que os parceiros do MERCOSUL fechassem questão em torno do assunto. A ideia é avançar nesta direção e apresentar, nos dias 17 e 18 de julho, em Bruxelas, uma resposta conjunta do bloco. Na oportunidade, será realizada a Cúpula da CELAC-UE, marcando a retomada das relações entre as duas regiões.

“Não temos interesse em acordos que nos condenem ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo. Precisamos de políticas que contemplem uma integração regional profunda, baseada no trabalho qualificado e na produção de ciência, tecnologia e inovação. Isso requer mais integração, a articulação de processos produtivos e na interconexão energética, viária e de comunicações”, explicou o presidente.

Antes de passar o comando do MERCOSUL, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, também reclamou. Segundo ele, o bloco foi o que mais cedeu nas negociações, mesmo sendo muito menos desenvolvido. Recentemente, ele e Lula, receberam a chefe da União Europeia, Ursula von der Leyen, quando demonstraram total apoio ao acordo.

Bolívia

Lula também aproveitou para anunciar que o seu governo empreenderá todos os esforços para que o Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL, parado na Câmara dos Deputados desde 2017, seja finalmente ratificado em 2023. Luis Arce, presidente da Bolívia, participou da cúpula em Puerto Iguazú.

Quanto à readmissão da Venezuela, suspensa desde 2016, nada por enquanto. Lula preferiu não dar qualquer pista a respeito, mas é certo que a presidência semestral do Brasil aproveitará a oportunidade para costurar o regresso de Caracas ao bloco.

No momento, o Uruguai é o único que resiste. Luís Lacalle Pou tem mandato até 2025 e não aceita ver Nicolás Maduro sentado à mesa do MERCOSUL. Derrubar o seu veto não será tarefa fácil, mas Lula acredita que consegue e que a Venezuela logo terá o seu lugar nas decisões.