Em julho de 2018, a estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, então com 30 anos, foi assassinada quando deixava a Universidade Americana em Manágua (UAM) onde cursava o sexto ano de medicina. À época, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, tentou aprovar uma moção de solidariedade com a família da brasileira, mas o PT não aceitou.
Já naquele momento, a prioridade para o Partido dos Trabalhadores era proteger o regime de Daniel Ortega, no poder desde 2007. Ex-líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), Ortega governa como um ditador, perseguindo a oposição, prendendo, torturando e assassinando.
O professor de taekwondo e segurança Pierson Gutiérrez Solís, réu confesso do assassinato da brasileira, foi julgado e condenado a 15 anos de prisão, mas acabou perdoado por Ortega e está em liberdade. O governo brasileiro, em nenhum momento, reagiu.
Em junho deste ano, o Ministério Público Federal brasileiro, pediu a colaboração da justiça nicaraguense para elucidar o caso, mas teve o pedido de cooperação negado. Daniel Ortega, assim como Nicolás Maduro, na Venezuela, controla a Justiça do país.
Em maio, a Justiça da Nicarágua respondeu ao MPF, dizendo se tratar de um “crime político anistiado”. A mãe da brasileira, Maria José da Costa, de 60 anos, escreveu uma carta ao presidente Lula pedindo ajuda, mas foi ignorada. Não consta que a brasileira tivesse qualquer participação política na Nicarágua.
Na terça-feira, 4, Lula disse, após a Cúpula do MERCOSUL, que há, na Nicarágua, uma “disputa” entre o governo e a Igreja Católica. Ortega também ordenou a expulsão de 4 freiras brasileiras e expropriou os bens da ordem religiosa a que pertenciam.
Sob orientação do Itamaraty, o Brasil se absteve de condenar o regime nicaraguense, no Conselho de Direitos Humanos da ONU e, na Organização dos Estados Americanos (OEA), trabalhou para suavizar uma resolução condenando o regime. Até o momento, o presidente da República não disse nada a respeito das perseguições às brasileiras. Ele declarou apenas que irá conversar com Ortega sobre a liberação de alguns padres e bispos, atendendo a um pedido do Papa Francisco, o mesmo que emocionou-se ao receber, no Vaticano, o ditador de Cuba, Díaz-Canel.