Noruega silencia quanto à poluição ambiental

por | jul 19, 2023 | 9h

No dia 11, o presidente Lula conversou por telefone, com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, quem revelou o interesse em ampliar as parcerias com o Brasil em áreas voltadas, especialmente, à agenda climática e ao combate à fome. A Noruega é um dos países que financiam o Fundo Amazônia.

É também o país que mais mata baleia no mundo e que ainda polui fortemente, vários rios do Pará, no coração da Amazônia. Lula convidou Støre, para vir ao Brasil em agosto, quando será realizada a Cúpula da Amazônia, em Belém, que sediará, ainda, a COP-30, em 2025.

Sobre o telefonema, o Planalto informou que Støre “expressou interesse em colaborar mais com o Brasil em temas como segurança alimentar e combate à fome e o manejo dos oceanos, além da tradicional agenda climática”. No entanto, nada foi dito sobre a poluição provocada pela estatal norueguesa Hydro Alunorte.

Em 2017, a empresa foi alvo de uma série de denúncias do Ministério Público Federal (MPF) do Pará e de quase 2 mil processos judiciais por contaminação de rios e comunidades de Barcarena (PA). A Hydro Alunorte é a maior refinaria de alumina do mundo, emprega cerca de 2 mil pessoas e tem uma capacidade nominal de 6,3 milhões de toneladas por ano.

Curiosamente, em junho de 2017, em plena viagem oficial do então presidente Michel Temer a Oslo, o governo da Noruega anunciou o corte de 50% dos recursos enviados ao Brasil para projetos de combate ao desmatamento na Amazônia. Em 2019, com a chegada ao poder de Jair Bolsonaro, a Noruega, junto com a Alemanha, suspendeu as doações do Fundo Amazônia.

A Noruega é o maior doador ao Fundo da Amazônia e já destinou ao Brasil US$ 1,1 bilhão entre 2009 e 2016. Na conversa com o premiê norueguês, Lula disse que o Brasil pretende estruturar um projeto de desenvolvimento a partir da biodiversidade amazônica, “dando oportunidade de melhoria de vida aos povos que lá habitam”, e que a abertura de oportunidades de investimentos em energias renováveis “reforçará a limpeza da matriz energética brasileira”, além de preparar o caminho para “propostas concretas a serem apresentadas na COP 30, em Belém”.

Lula não demonstrou nenhuma preocupação com os rios e igarapés contaminados, muito menos com as comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas, afetadas pelos níveis elevados de alumínio, despejados no meio ambiente.

Para a Europa, o acesso aos minerais raros da Amazônia, é fundamental para o próprio futuro. Desta forma, a Noruega e a Alemanha, usam o Fundo Amazônia para barganhar. A mesma estratégia está sendo usada com Argentina e Bolívia, países que contam com grandes reservas de lítio.