Irã quer integrar o BRICS e defende uma nova ordem internacional

por | ago 15, 2023 | 10h

Na semana passada, o vice-ministro de Assuntos Políticos do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irã, Ali Bagheri Kani, esteve em Brasília para a 12ª Reunião de Consultas Políticas bilaterais. Ainda neste ano, os dois países retomarão o diálogo econômico em reunião que deverá ser realizada em Teerã. Brasil e Irã celebram, em 2023, os 120 anos das relações bilaterais.

Em Brasília, Bagheri Kani defendeu o ingresso do Irã no BRICS, bloco integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ele espera que o assunto seja tratado na cúpula de Joanesburgo, que será realizada entre 22 e 24 de agosto. Para o Irã, o BRICS pode ser muito mais que um bloco comercial, exercendo influência também na agenda política internacional.

Na sua avaliação, “o potencial do BRICS, com o Irã, irá aumentar muito. Temos muitos recursos em energia, petróleo, gás e petroquímicos”, afirmou. Em palestra proferida para um grupo de convidados, Bagheri Kani destacou: “o Irã acredita que o BRICS deve crescer e ser ampliado, e o ingresso do Irã ao grupo irá conferir maior estabilidade internacional”.

Programa Nuclear

Além de discutir com os diplomatas brasileiros, o possível ingresso do Irã no BRICS, Ali Bagheri Kani também conversou sobre a retomada do acordo em torno do Programa Nuclear Iraniano. Segundo ele, “desde que Trump o abandonou, os EUA não deram mais sinais de que cumpririam com os seus compromissos”.

O vice-ministro assegurou que o Irã pretende resgatar o acordo nos termos negociados e que o país segue cumprindo com as suas obrigações. Ele destacou, ainda, que o Irã tem aumentado a produção de energia elétrica por meio de usinas nucleares.

Kani também expressou o interesse iraniano em fortalecer as relações com o Brasil nos âmbitos econômico, comercial, político e cultural. De acordo com o vice-ministro, “a parceria entre o Brasil e o Irã é a favor da estabilidade global e os dois países devem ter uma maior participação na definição e condução das pautas internacionais”, defendeu.

A corrente de comércio bilateral, nos últimos anos, fez do Irã o 5º maior comprador do agronegócio brasileiro, um dos principais superávits do Brasil (US$ 1,8 bilhões em 2021 e US$ 4,3 bilhões em 2022) e o maior mercado do Oriente Médio para os produtos brasileiros.