China e Rússia fazem valer suas pretensões e BRICS é ampliado

por | ago 24, 2023 | 10h

A 15ª Reunião de Cúpula do BRICS, realizada em Johannesburg, na África do Sul, se encaminhava para um 0 a 0 bem mais ou menos quando, nos acréscimos da prorrogação, China e Rússia se impuseram ao anfitrião e às resistências brasileira e indiana, para ampliar o bloco e somar mais seis membros às suas estratégias.

O BRICS consolidou-se como a principal alternativa ao sistema atual, dominado pelos EUA. Tanto econômica quanto politicamente. Sem dúvida, é o único que ameaça a hegemonia do G7, um agrupamento informal formado pelas sete economias mais avançadas do mundo (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, além da União Europeia).

Na terça-feira, 22, o presidente brasileiro havia dito que o BRICS não pretendia desafiar o poderio dos mais ricos, mas “reorganizar-se”. Já o seu principal conselheiro internacional, o ex-ministro Celso Amorim, confirmou que o “mundo não pode mais ser ditado pelo G7”, numa clara defesa do BRICS como “nova força no mundo”.

A opinião de Amorim diverge da de Lula e coincide com as posições de China e Rússia. Pequim e Moscou querem, sim, fazer do BRICS, um instrumento de enfrentamento ao sistema atual, implementado após a Segunda Guerra Mundial. O Brasil terá, portanto, que equilibrar-se entre essa pretensão sino-russa e uma postura mais light, defendida pelo presidente brasileiro.

A decisão imposta pelos mais fortes, pode ter, ainda, outros efeitos negativos para o Brasil. A ideia discutida nos bastidores, era condicionar o apoio brasileiro à ampliação do grupo, ao apoio objetivo de China e Rússia, ao ingresso do país como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

A forma como o atropelo se deu, com o ingresso de seis países – a partir de janeiro, o BRICS será integrado por 11 países – deixa de fora qualquer outro compromisso. Para China e Rússia, o BRICS é o mecanismo perfeito para exercer pressão sobre o Ocidente (EUA e Europa).