A construção do submarino nuclear e o seu simbolismo estratégico

por | out 3, 2023 | 16h

Nesta quarta-feira, 4, no Complexo Naval de Itaguaí (RJ), a Marinha, por meio da sua Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico, realizará a Cerimônia do Corte da Primeira Chapa da Seção de Qualificação do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear.

Dito de outra forma, este será o primeiro passo concreto para que o Brasil passe a contar com uma das armas dissuasórias mais temidas. Ainda que o submarino não seja nuclearmente armado, quem já faz parte deste clube, não gosta nenhum pouco de novas adesões.

De acordo com a Marinha, “o corte da primeira chapa, marco significativo do processo construtivo do  SCPN, representa o início da confecção da estrutura que compõe a chamada Seção de Qualificação, etapa responsável por garantir que engenheiros, técnicos e operários possam realizar suas atividades em fase de testes, certificando que todos os processos atendem às especificações e possuem o nível de qualidade necessário para a homologação e autorização para o início da construção do casco do SCPN”.

Ainda segundo a Marinha do Brasil, “para viabilizar a obtenção do primeiro SCPN brasileiro é necessário que o Estaleiro responsável demonstre capacidade de atender aos requisitos necessários para sua construção”. A força se refere especificamente a prontificação da infraestrutura e a preparação do maquinário específico, além da fabricação de dispositivos de apoio à construção, como cabine acústica, mesa perfuradora, máquinas de corte e torre de soldagem.

“São realizadas, ainda, as validações de processos construtivos e de garantia de qualidade, envolvendo a qualificação de pessoal e de procedimentos de transporte entre estações de trabalho”, informou a Marinha. Este equipamento pode ser considerado a principal estrela do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), um amplo programa estratégico do Estado brasileiro.

O PROSUB contempla uma infraestrutura industrial e de apoio à operação e manutenção de submarinos, a construção de quatro submarinos convencionais de propulsão diesel- elétrica e um submarino de propulsão nuclear. O programa deverá gerar cerca de 60 mil empregos, diretos e indiretos, sem contar o salto que o país dará em termos de independência científica e tecnológica. Pelo menos 18 universidades e instituições de pesquisa, serão envolvidas no processo.

“O SCPN contribuirá com os diferentes desafios para o país, por se tratar de um meio naval que demanda alta tecnologia e congrega a complexidade inerente ao projeto de um submarino, além dos desafios inerentes ao desenvolvimento de tecnologia nuclear específica, incluindo a fabricação do seu reator e de toda a Planta Nuclear Embarcada (PNE), cujo protótipo em terra, o LABGENE, já está em fase avançada de construção, em Iperó (SP)”, explicou a Marinha, em nota.

Em outras palavras, o Brasil deixa clara a sua intenção de não abandonar, mesmo sob anos de sabotagens, principalmente por parte dos EUA, o seu Programa Nuclear. O PROSUB também se consolidou como um dos maiores programas de capacitação industrial e tecnológica já observado pela indústria de defesa brasileira.

Essas duas constatações apenas, são suficientes para deixar muita gente preocupada. Mais que as retóricas repetidas à exaustão em cúpulas e encontros diplomáticos, é com fatos objetivos que um país se senta à mesa dos grandes para negociar.