Teve início nesta terça-feira, 21, o 14º Seminário Internacional de Energia Nuclear, no Rio de Janeiro, evento que teve como objetivo principal tornar os empreendimentos nucleares mais baratos. O que falta para a energia nuclear ser amplamente adotada no Brasil? Planejamento de longo prazo e decisão política, concluíram os especialistas. O seminário termina na quinta, 23.
O diretor-presidente da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), Luis Fernando Prioli, reconheceu que o país precisa de planejamento de longo prazo, “e isso significa planejamento de Estado, não de governo. Se hoje precisamos de decisões políticas, é porque elas não foram tomadas durante a fase de planejamento”, afirmou.
Já o presidente da Eletronuclear, Eduardo Grivot de Grand Court, criticou as longas interrupções que atrasam as obras de construção das usinas nucleares brasileiras. O que eleva muito, e desnecessariamente, o seu custo final. Ele avalia que essa falta de decisão pode acarretar falta de energia para sustentar o crescimento do país no futuro, sem alcançar a desejada diminuição da produção de carbono.
“A energia nuclear é a principal contribuinte para alcançarmos esse objetivo. Há outras fontes de energia sendo implementadas no país que são mais caras”, assinalou.
John Forman, diretor da J. Forman Consultoria, é outro que aponta o planejamento como essencial para o fortalecimento do setor, além da adoção de um programa de Estado. Além disso, ele também alertou para a importância da escolha da tecnologia, pois pode influenciar toda a cadeia de suprimentos e causar atrasos e aumento de custos. “No mundo inteiro os custos aumentam por causa de atrasos e interrupções. E isso leva ao aumento das tarifas”, lembrou.
Por outro lado, Gustavo Cerqueira, representante da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), afirmou que o atraso em obras de usinas nucleares não é exclusividade do Brasil. Segundo ele, o tempo médio de construção é de oito anos, podendo chegar aos 40 anos.
De acordo com ele, são muitos os benefícios da energia nuclear. “Vai além da segurança energética, também traz externalidades positivas como produção de conhecimento, domínio de tecnologia, abatimento de carbono e impactos socioeconômicos, como alto valor agregado, empregos qualificados e inovação”, explicou.