No dia 7 de dezembro, será realizada no Rio de Janeiro, a 63ª Cúpula do MERCOSUL, quando o Brasil passará a presidência semestral do bloco ao Paraguai. O evento, de acordo com as ambições do presidente brasileiro, deverá ter como principal tema, a conclusão das negociações entre o MERCOSUL e a União Europeia.
O Brasil quer anunciar com pompa e circunstância, que o Tratado de Livre Comércio foi concluído após mais de 20 anos de idas e vindas. Como o atual governo investe muito mais em marketing do que em ações concretas, a ideia é ganhar o mundo como a gestão que destravou o acordo.
Na verdade, não é bem assim. Além de ser bastante difícil que este processo seja concluído antes do evento no Rio, é preciso deixar claro que o acordo foi fechado em 2019. O passo seguinte, a revisão jurídica, para posterior envio aos respectivos parlamentos, acabou congelada por pressões políticas.
França, Áustria, Irlanda e Países Baixos, não querem o acordo porque não têm condições de competir com o agro brasileiro. O verniz utilizado para paralisar o andamento do processo, foram as políticas ambientais brasileiras. Mesmo com a Alemanha, motor econômico da Europa, derrubando florestas e retornado ao carvão mineral, era o Brasil quem tinha culpa no cartório.
É óbvio que a esquerda manobrou para impedir que um acordo dessa envergadura tivesse a digital de um presidente politicamente incorreto, como Jair Bolsonaro. Emmanuel Macron, o cínico, pôs o tema no topo da agenda para ficar bem com os ambientalistas militantes e o setor agrícola francês.
Agora, mesmo com as queimadas na Amazônia e a destruição no Cerrado, cujo atual governo não tem a mais mínima responsabilidade mesmo estando há praticamente 12 meses no poder, a Europa se cala. O Fundo Amazônia volta a ser irrigado para ONGs patrocinadas pelos grandes e o foco muda completamente.
Este é um dos cenários com os quais temos que lidar, entre os fatos e a hipocrisia sustentada pelo pix às redações. No entanto, o MERCOSUL está longe de ser a maravilha que se tenta vender. Está cada vez mais dividido e propenso a tornar-se um bloco desinteressante para o mundo.
Talvez por isso, Luís Lacalle Pou, o jovem presidente uruguaio, insista em cobrar mais ações e menos teatro. Recentemente, ele esteve na China, onde afirmou que irá propor aos demais países do MERCOSUL, um encontro do bloco com a China. O Uruguai quer, ainda, ser a sede da próxima Cúpula da CELAC-China, a realizar-se no início de 2024.
Em Pequim, Uruguai e China decidiram elevar os vínculos para estabelecer uma “associação estratégica integral”. Dito de outra forma: ou o MERCOSUL abre negociações em bloco com a China, ou o Uruguai irá fazê-lo sozinho. Caso a segunda opção seja a eleita, pelas regras em vigor, o Uruguai teria de ser expulso do MERCOSUL.