José Alberto Cunha Couto
Se o caminho da paz entre Venezuela e Guiana não for alcançado, estaremos diante de uma crise que ameaçará a paz e a estabilidade na América do Sul, com risco de se transformar em conflito militar.
Nesse caso, teremos guerras em três continentes: Venezuela x Guiana; Ucrânia x Rússia e Israel x Hamas, situação que pode estimular ações militares em outras partes do mundo.
Continuará a competição entre EUA e China, ambos disputando a supremacia mundial.
Claro que Taiwan e o Mar do Sul da China permanecerão com altas tensões, pois retomar Taiwan e ter o domínio do mar em seu “quintal marítimo” são objetivos sagrados para a China.
Conforme cresce o poder chinês, cresce sua belicosidade em relação a Taiwan, ilha que Joe Biden declara defender caso seja atacada.
O Japão criticará cada vez mais a presença chinesa nas águas ao seu redor e nas disputadas Ilhas Senkaku e já anunciou um plano de cinco anos de rearmamento de suas forças, em oposição à sua Constituição, imposta pelos EUA, onde o Japão teria Forças Armadas apenas defensivas.
A guerra Ucrânia-Rússia continuará reformulando alianças globais e permanecem três cenários para os desdobramentos do conflito:
1. Rússia sai vitoriosa e anexa as terras conquistadas a Leste da Ucrânia;
2. Estagnação (mais provável). A Rússia não consegue avançar sua força de combate, mas a contraofensiva ucraniana é ineficaz;
3. É o mais perigoso. A Ucrânia avança e ameaça ocupar a Crimeia e a Rússia sinaliza retaliar com armas nucleares táticas.
Em 2024, como não prestar atenção à Coreia do Norte, onde Kim Jong-un ameaça com ataque nuclear preventivo, caso se sinta ameaçado?
Países da África não ficam de fora dos altos riscos, assim como os do Oriente Médio.
Diante disso, cabe-nos refletir sobre a relevância para o Brasil dessas crises. Como em toda crise envolvendo atores internacionais, ou ampliamos a moldura geográfica de nosso pensar ou não entenderemos o mundo que nos cerca.
José Alberto Cunha Couto é consultor independente na C3 Consultoria e chefiou por 12 anos o Gabinete de Crises da Presidência da República.