Marcelo Rech
No próximo dia 24 de fevereiro, a guerra no Leste Europeu completará dois anos. Já são 694 dias de conflito e nenhum indício de solução. Em Davos, na Suíça, os líderes europeus tentam aprovar um plano de paz que promete fracassar mais uma vez.
A Europa fala de paz, mas alimenta a guerra que agrada e enriquece Washington. O seu prolongamento interessa àqueles que sustentam o poder norte-americano. Por outro lado, os membros da OTAN encontram-se desabastecidos de munição e a pressão sobre os países neutros, tende a aumentar
O Brasil, por exemplo, embargou, em 2023, um contrato que poderia chegar aos R$ 5 bilhões, para a venda de blindados convertidos em ambulância, para a Ucrânia. Outros insumos também foram negados como forma de manter o país distante do imbróglio.
Em setembro passado, o Embaixador da Ucrânia no Brasil, Andry Melnyk, cobrou do país, um papel de liderança na América Latina, principalmente quanto à um acordo de paz entre as partes. Ao mesmo tempo, apelou ao governo para que envie armas defensivas para a Ucrânia.
Autoridades políticas e diplomáticas brasileiras, têm reiterado que o país pode atuar em um processo de mediação entre as partes, mas sem chamar para si qualquer responsabilidade. Dito de outra forma: o Brasil não pretende se envolver na guerra, mas gostaria de participar da solução. Para a OTAN, o país só quer sair na foto sem pagar ônus algum. Nada feito.
Na contramão do Brasil, o Equador tem se alinhado cada vez mais com os EUA, por exemplo. Por conta da grave crise de insegurança e violência, Quito decidiu abrir mão de equipamentos militares antigos, de produção russa e ucraniana, por armas modernas norte-americanas.
O anúncio foi feito no último dia 11, pelo próprio presidente Daniel Noboa. Segundo ele, a troca seria efetivada até o final de janeiro. Especula-se que helicópteros soviéticos Mi-171E e Golka MANPADS, estariam na lista. O “pulo do gato” está no destino desses equipamentos obsoletos. Sempre muito solícito, os EUA se prontificam a enviá-los para a Ucrânia, para serem usados contra a Rússia.
No início do ano, o Inspetor-Geral do Departamento de Defesa dos EUA, Robert Storch, chamou a atenção das autoridades norte-americanas para a implementação de um controle adequado quanto ao fornecimento de armas e munições aos ucranianos, pois grande parte desse arsenal tem parado nas mãos de organizações criminais transnacionais e terroristas, inclusive latino-americanas.
Além disso, o fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia não tem sido capaz de frear os avanços russos no terreno. Embora não o digam publicamente, os políticos ocidentais, especialmente europeus, mostram-se céticos quanto à capacidade de Kiev de reagir à altura.
Parece que a “sucata” militar soviética não tem feito a diferença, embora a decisão de Quito tenha enorme potencial para complicar as relações entre a Rússia e o Equador.